O povo palestino aguarda ansiosamente os resultados das reuniões das suas lideranças. Vários encontros ocorreram entre os secretários-gerais das forças palestinas em Beirute, Istambul e Cairo, com previsão de uma próxima reunião na capital russa, Moscou. Esse processo tem resultado alguns entendimentos, segundo as mídias palestinas.
Um dos mais importantes desses acordos, segundo declarações de líderes do movimento Fatah seria o de realizar eleições legislativas, presidenciais e para o Conselho Nacional Palestino.
O presidente interino do Conselho Legislativo Palestino, Ahmad Bahar, fala ao Monitor do Oriente Médio sobre as perspectivas de futuro para esses diálogos.
Quando será a próxima reunião de líderes palestinos em Moscou?
Esperamos que esta reunião seja realizada logo, porque estamos interessados na unidade palestina que é a pedra sobre a qual todas as conspirações contra o povo palestino se quebrarão. Eu enfatizo que queremos preservar a Organização para a Libertação da Palestina porque é a organização que representa o povo palestino e é reconhecida internacionalmente.
Há acordo entre as várias organizações palestinas para a realização de eleições, mas até o momento nenhuma data específica foi definida.
Mais de 13 anos se passaram desde a divisão palestina, durante a qual vocês mantiveram várias reuniões com a liderança do Fatah por meio de vários mediadores árabes, e mais de um acordo para a reconciliação palestina foi anunciado, como o Acordo do Cairo de 2011, o Acordo de Doha de 2012, o Acordo da Praia de Gaza de 2014 e o Acordo do Cairo de 2017. Após cada acordo, a divisão volta a surgir! Na sua opinião, o que deixa o povo palestino mais seguro e confiante na sua liderança desta vez?
O povo palestino é um povo livre, heroico, tem o direito de viver com dignidade e direito à autodeterminação. Isso é o que lhe foi garantido por todas as leis internacionais. Houve muitas negociações entre os movimentos Fatah e Hamas em Beirute, Ramallah, Istambul e Cairo, e o objetivo é alcançar a reconciliação que nós, no Conselho Legislativo, apoiamos e afirmamos a sua necessidade. O povo palestino e a causa palestina estão passando por uma situação muito delicada e enfrentam conspirações que vêm de todos os lados. A mais perigosa é “o negócio do século”, com o esquema de anexação, além do ato de normalização com a ocupação iniciado pelos Emirados Árabes Unidos, seguidos por Bahrein e pelo Sudão. Infelizmente, esta onda representa nada mais que uma traição ao povo árabe, em geral, e ao povo palestino, em particular
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Caso medidas práticas sejam acordadas para a realização das eleições palestinas, quais são os riscos ou obstáculos que podem impedir sua realização? É possível ver Hamas e Fatah em uma lista eleitoral?
É natural que a ocupação e alguns países que não se importam com a unidade do povo palestino obstruam a realização de eleições palestinas. É possível que a ocupação obstrua essas eleições por meio de muitos pretextos na Jerusalém ocupada. O povo tem vontade e intenção sincera de alcançar a unidade palestina em todos os seus aspectos, e é isso que esperamos hoje. Quanto à lista eleitoral única entre Hamas e Fatah, é uma ideia proposta entre os dois movimentos, o que prova que ambos são capazes de superar todas as divergências para chegar a um consenso que satisfaça as aspirações do povo palestino.
Como presidente interino do Conselho Legislativo Palestino, você tem algum contato com parlamentos na América Latina?
Sim, de fato, estamos em contato constante com vários parlamentares da América Latina, especialmente do Brasil. Vários deles nos visitaram na Faixa de Gaza, estiveram conosco e expressaram sua solidariedade ao povo palestino e sua justa causa. Enviei várias mensagens a vários parlamentos da América Latina, a última das quais foi há alguns meses. Convidei-os a visitar a Faixa de Gaza e ver a enorme escala de destruição após a guerra terrorista da ocupação contra ela em 2014, e há muitos parlamentares que expressaram sua vontade de visitar a Faixa, mas os procedimentos da ocupação israelense sempre evitam essas visitas, além de impedir alimentos e remédios.
Qual é a sua mensagem hoje às várias sociedades dos países latino-americanos?
Gostaria de salientar que os países da América Latina têm sofrido injustiças e perseguições por longos períodos, por percebemos a simpatia desses países pela causa palestina. E, através de vocês, apelo a todos os países da América Latina, governos e povos, em nome dos mártires, prisioneiros e órfãos do povo palestino, para permanecerem firmes em suas posições em apoio à nossa causa. O povo palestino permanecerá apegado à sua resistência, mesmo que todo o mundo conspire contra. Peço que apoiem o povo palestino nas várias instituições das Nações Unidas, e defendê-lo firmemente contra a arrogância e da expansão do estado de ocupação.
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