A promotoria sudanesa anunciou na quarta-feira a descoberta de valas comuns contendo os corpos de pessoas desaparecidas desde os eventos do levante popular que derrubou Omar Al-Bashir há quase dois anos.
O gabinete do promotor público divulgou em um comunicado: “Após esforços que duraram vários meses, a comissão independente de inquérito descobriu as valas comuns.”
Conforme a declaração, “a comissão independente de inquérito completará os procedimentos de exumação e autópsia depois de garantir o local com as medidas necessárias para evitar a adulteração de provas.”
“As investigações sobre os desaparecimentos forçados de pessoas desde os eventos da revolução de dezembro de 2018 continuam com total transparência para garantir o princípio da não impunidade”, acrescentou o comunicado.
O comunicado apelou a todas as agências competentes e às famílias dos desaparecidos a cooperar com a comissão de inquérito para concluir a investigação.
LEIA: Emirados Árabes Unidos compraram a normalização do Sudão com Israel
Em dezembro de 2018, protestos populares eclodiram no Sudão contra as difíceis condições econômicas, culminando com a remoção do presidente Al-Bashir, em 11 de abril de 2019.
O Comitê Central dos Médicos do Sudão estima que 38 pessoas estão desaparecidas desde o início da revolução, de acordo com a mídia local.
A Associação de Profissionais do Sudão (SPA), um dos principais componentes da aliança Forças de Liberdade e Mudança (FFC), afirma que centenas de pessoas foram vítimas de desaparecimentos forçados desde que o protesto do quartel-general do Exército foi dispersado na capital Cartum.
Em junho de 2019, pistoleiros vestindo uniformes militares dispersaram um protesto pedindo a transferência do poder para civis, em frente ao quartel-general do comando do Exército em Cartum.
A dispersão resultou na morte de 66 pessoas segundo o Ministério da Saúde, enquanto a FFC, líder do movimento popular na época, estimou o número em 128.