Irã move centrífugas debaixo da terra, excede em 12 vezes os limites nucleares

Usina nuclear de Bushehr, no Irã, 10 de novembro de 2019 [Fatemeh Bahrami/Agência Anadolu]

O Irã movimentou uma série de centrífugas avançadas de uma usina nuclear e centro de enriquecimento a uma instalação subterrânea, ato considerado a última violação do acordo nuclear assinado em 2015, reportou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Em relatório divulgado ontem (11), a entidade informou que o Irã transferiu as centrífugas da usina nuclear de Natanz, em Isfahan, no dia 21 de outubro, a um posto subterrâneo construído para resistir a eventuais bombardeios aéreos.

A medida foi implementada após uma explosão na usina de Natanz em julho, sob suspeitas iranianas de sabotagem israelense. Após o incidente, Teerã informou a AIEA que pretendia transferir três séries de suas centrífugas nucleares para fora do local.

Segundo o relatório, a primeira série dos equipamentos avançados, constituída por máquinas IR-2m, foi instalada, mas não teve seus reservatórios preenchidos com hexafluoreto de urânio, combustível em estado gasoso, até então.

Um diplomata anônimo, mencionado pela agência de notícias Reuters, declarou que o Irã “concluiu a instalação da primeira série e deu início à instalação da série subsequente”. As máquinas foram mantidas inoperantes durante todo o processo de transferência.

A medida iraniana implica que seu estoque de urânio fracamente enriquecido aumentou para 2.4 toneladas do material, índice 12 vezes maior que o limite de 202.8 quilogramas estabelecido pelo acordo nuclear de 2015.

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O acordo foi assinado entre Irã e seis potências globais – Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia.

Conforme o pacto, Teerã consentiu em limitar pesadamente seus estoques de urânio enriquecido e o uso de suas centrífugas nucleares, em troca da suspensão das sanções impostas pelas nações ocidentais à república islâmica.

Em 2018, contudo, o Presidente dos Estados Unidos Donald Trump revogou unilateralmente o acordo e restabeleceu a chamada política de “máxima pressão” contra o Irã.

A princípio, Teerã insistiu que manteria os termos concordados, mas decidiu aumentar seu enriquecimento de urânio e desenvolvimento de tecnologia nuclear, em 2019, como retaliação ao colapso do compromisso internacional.

Apesar das violações iranianas, a AIEA garantiu em outubro que a república islâmica não possui urânio enriquecido o suficiente para construir uma bomba nuclear.

Entretanto, em novembro, o Irã voltou a alegar que aumentaria suas ambições atômicas diante da presente conjuntura. O parlamento iraniano aprovou então um projeto de lei para intensificar as operações de enriquecimento de urânio em escala mensal.

Nesta semana, não obstante, o Ministério de Relações Exteriores do Irã anunciou que não pretende renegociar os termos do pacto, ao argumentar que é tarde demais para recuperá-lo, após a “traição” dos Estados Unidos.

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