Um ramo de contraterrorismo, contra-insurgência e reconhecimento especial do Exército dos Estados Unidos está colhendo dados civis do popular aplicativo Muslim Pro, segundo o website Motherboard, agência de tecnologia da revista Vice.
Aparentemente inofensivo, o aplicativo de oração islâmica e leitura do Alcorão, baixado mais de 98 milhões de vezes em todo o mundo, vendeu dados de movimentação de seus usuários às forças armadas americanas.
O Muslim Pro é apenas um dos aplicativos listados pelo website como responsáveis por vender dados civis ao exército, além de apps de encontro para o público muçulmano, meteorologia, nivelamento (para instalar, por exemplo, prateleiras) e da popular rede de anúncios Craigslist.
O Motherboard encontrou dois fluxos paralelos e distintos de dados utilizados pelo Exército dos Estados Unidos para obter informações de localização.
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Um destes fluxos remete ao Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos (USSOCOM), ramo militar de de contraterrorismo, contra-insurgência e reconhecimento especial, que aparentemente comprou os dados como suporte a operações internacionais.
O segundo fluxo identificado obtém dados através de uma empresa chamada X-Mode, que reúne informações de localidade diretamente dos aplicativos e então vende tais dados a grandes construtoras e, por extensão, ao exército.
Apesar de não identificar missões específicas conduzidas com base nos dados obtidos do Muslim Pro, a reportagem do Motherboard sugere seu uso em diversas operações no Oriente Médio, Paquistão e Afeganistão, sobretudo, em alvos reiterados de ataques a drone.
A propaganda do Muslim Pro descreve a ferramenta como “o mais popular aplicativo islâmico”, ao incluir passagens e leituras em áudio do Alcorão.
Outro app que também enviou dados à X-Mode foi o Muslim Mingle, serviço de relacionamento online para o público islâmico, baixado mais de 100.000 vezes desde seu lançamento.
Em nota ao Motherboard, o Comandante da Marinha Tim Hawkins, porta-voz do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos, confirmou a compra.
Declarou Hawkins: “Nosso acesso ao software é utilizado para conceder apoio a missões das forças especiais no exterior. Aderimos estritamente às políticas estabelecidas para proteger a privacidade, liberdades civis e direitos legais e constitucionais dos cidadãos americanos.”
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