O Marrocos anunciou, nesta quinta-feira, que a Jordânia o informou da intenção de abrir um consulado geral em El-Ayoun, maior cidade da disputada região do Saara entre Rabat e a frente “Polisário”, para ser o segundo país árabe a anunciar essa medida, depois dos Emirados.
Isso veio em um telefonema que o rei marroquino Mohammed VI recebeu de seu homólogo jordaniano, Abdullah II, de acordo com duas declarações das cortes reais na Jordânia e no Marrocos.
O comunicado marroquino indica que o rei Abdullah II informou o seu homólogo, Mohammed VI, do desejo do Reino da Jordânia de abrir um consulado geral em El-Ayoun, Marrocos, e os ministérios das Relações Exteriores dos dois países se coordenarão para tomar as providências necessárias, sem fixar uma data para isso.
O rei Mohammed VI expressou seu “apreço e gratidão por esta importante decisão (a abertura do consulado), que se enquadra nas posições de apoio que o Reino Hachemita da Jordânia tem expressado sobre a questão da integridade territorial de Marrocos”, segundo o comunicado.
Existem consulados no Saara de quinze países africanos.
Enquanto isso, a declaração da corte real da Jordânia relatou que o rei Abdullah afirmou, que “a Jordânia apoiará totalmente o irmão Reino de Marrocos, nas medidas ordenadas por Sua Majestade o Rei Mohammed VI para restabelecer o fluxo de movimento civil e comercial na região de Guerguerat.”
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Ataques do Polisário
No mesmo contexto, as forças da “Polisario” lançaram “ataques intensos” contra a fronteira marroquina que divide o Saara numa extensão de 2.700 quilómetros, anunciou o “Ministério da Defesa” saharaui.
Em um comunicado divulgado na noite de quinta-feira, Polisario falou de “operações de bombardeio” que visaram os setores de Al Farisiya, Amghala, Hawza e Umm Dreika no centro.
Acrescentou que estes atentados “causaram grandes danos materiais” ao Marrocos, sem dar detalhes.
Rabat anunciou no sábado o recomeço do transporte com a Mauritânia, via “Guerguerat”, depois de um movimento do exército marroquino que pôs fim ao encerramento da passagem por partidários da frente “Polisário”, desde o passado 21 de outubro.
No mesmo dia, a Frente anunciou que não estava mais comprometida com o acordo de cessar-fogo assinado com Marrocos em 1991, sob os auspícios das Nações Unidas.
Marrocos e a “Polisario” lutam pelo dominio da região do Saara, desde que a ocupação espanhola encerrou a sua presença na região em 1975.
O conflito se transformou em um confronto armado que durou até 1991, e cessou com a assinatura de um acordo de cessar-fogo que declarou “Guerguerat” como zona desmilitarizada.
Rabat insiste no seu direito à região do Saara e propõe uma autonomia alargada sob a sua soberania, enquanto a “Polisário” pede um referendo para determinar o destino da região, proposta apoiada pela Argélia, que acolhe refugiados da região.
Publicado originalmente em arabi21.