O Irã condenou os ataques de foguete contra a cidade de Cabul, executados neste sábado (21), como “exemplo da guerra por procuração” conduzida pelos Estados Unidos no território devastado do Afeganistão, reportou a agência Anadolu.
Em nota, Saeed Khatibzadeh, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, alegou que a responsabilidade pelos ataques recai diretamente sobre os Estados Unidos.
Segundo relatos da mídia afegã, ao menos 23 foguetes foram disparados contra diferentes partes de Cabul, capital do Afeganistão, na manhã de sábado. Oito pessoas morreram e 31 ficaram feridas.
Um dos foguetes pousou dentro da área sob jurisdição da embaixada iraniana, na zona diplomática altamente fortificada de Cabul, resultando em danos minoritários ao edifício. Nenhuma baixa foi reportada.
Khatibzadeh expressou solidariedade ao governo e ao povo do Afeganistão, diante do recente ataque. Confirmou ainda que ao menos um foguete atingiu o complexo da embaixada iraniana.
Posteriormente, a embaixada do Irã em Cabul detalhou que dois foguetes pousaram em sua jurisdição, um dos quais neutralizado com ajuda das autoridades locais.
Até então, nenhum grupo assumiu responsabilidade pelos ataques, que evocaram repúdio contundente por todo o mundo.
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A situação de segurança deteriorou-se no Afeganistão, nos últimos anos, à medida que diversas organizações terroristas ganharam terreno no país. A guerra continua a impor duras baixas à população civil.
O grupo Talibã, atualmente engajado em negociações de paz com o governo afegão e seus aliados internacionais, negou qualquer responsabilidade pelos ataques.
Apesar de apoiar os esforços de Cabul por um processo de diálogo com o Talibã, a fim de encerrar a duradoura guerra no país, o Irã continua receoso sobre o envolvimento dos Estados Unidos na política nacional.
Nos últimos anos, Teerã desenvolveu contatos próximos com o Talibã. Os líderes do grupo afegão chegaram a viajar à capital iraniana para realizar “consultas políticas” com oficiais da república islâmica.
Há também relatos de que o Talibã deverá abrir um escritório no Irã, em breve, além de acusações de fornecimento de armas iranianas à organização.
Teerã nega veementemente tais alegações.
O governo iraniano defende que a retirada absoluta das forças estrangeiras, lideradas pelos Estados Unidos, do Afeganistão é justamente a chave para alcançar a paz e a estabilidade no país assolado pela guerra.
Irã e Afeganistão compartilham 921 quilômetros de fronteira, que conecta diversas cidades de ambos os lados. Um grande número de refugiados afegãos que fugiu da guerra em seus país reside hoje no Irã.