Sistema de saúde de Gaza está à beira do colapso devido ao coronavírus

Palestinos de Gaza voltam a circular nas ruas após abertura das medidas restritivas contra o coronavírus, 4 de novembro de 2020 [Mohammed Asad/Monitor do Oriente Médio]

Um rápido aumento no número de casos de covid-19 na Faixa de Gaza pode levar o frágil sistema de saúde local ao colapso, ao longo da próxima semana, alertaram conselheiros de saúde pública, neste domingo (22).

As informações são da agência Reuters.

Gaza, pequeno território litorâneo empobrecido e densamente povoado, com seus 2 milhões de habitantes, está altamente vulnerável ao contágio. Até então, registrou 14.000 casos de coronavírus e 65 mortes, a maioria desde agosto.

Setenta e nove dos cem respiradores artificiais de Gaza estão sob uso de pacientes com covid-19, declarou Abdelraouf Elmanama, microbiólogo e membro da força tarefa contra a pandemia do governo local.

“Em dez dias, o sistema de saúde será incapaz de absorver este pico nos casos e poderá haver pacientes que não terão acesso a leitos nas unidades de terapia intensiva”, afirmou o especialista. Segundo ele, a taxa atual de mortalidade (0.5%) poderá aumentar.

O governo local do Hamas impôs um único lockdown até então.

O duradouro bloqueio israelense, com apoio do Egito, deteriorou gravemente a economia e a infraestrutura de saúde pública da Faixa de Gaza. Israel alega tentar impedir que armas cheguem ao Hamas, contra o qual declarou três guerras brutais, ao longo dos anos.

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Instalações do grupo palestino foram atingidas pelo exército israelense ainda na manhã deste domingo, em retaliação a um suposto foguete palestino disparado contra o sul do território mantido por Israel.

“Não damos descontos por covid ao Hamas”, afirmou o Ministro da Ciência e Tecnologia de Israel Izhar Shay, em entrevista à rádio militar israelense. “Continuaremos a responder da maneira apropriada.”

Shay alegou, porém, que Israel está permitindo o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, ao reiterar: “É este o nível que podemos preservar, dado o contexto do coronavírus.”

Abdelnaser Soboh, chefe de emergência sanitária no escritório da Organização Mundial da Saúde em Gaza, advertiu ainda que “dentro de um semana, seremos incapazes de fornecer tratamento a casos críticos”.

A taxa de infecção entre indivíduos testados chegou a 21%, com aumento relativo de pacientes com mais de 60 anos de idade, detalhou Soboh. “Trata-se de um indicador perigoso, dado que a maioria deles deverá precisar de internação”.

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