Um policial belga está sendo julgado hoje devido à morte de uma criança curda baleada em maio de 2018, informou a Agence France Presse (AFP).
O oficial atingiu Mawda Shawri, de dois anos,ao abrir fogo contra uma van que era dirigida por traficantes de pessoas que transportavam migrantes da Europa continental para a Grã-Bretanha.
O policial, que não foi identificado publicamente, disse que pretendia atirar no pneu do veículo em movimento, na esperança de parar a van suspeita durante uma perseguição em alta velocidade.
Sua defesa alega que foi o carro do policial que desviou violentamente enquanto ele disparava, fazendo com que a bala atingisse o corpo do veículo, onde Mawda e sua família estavam agachadas, ao invés do pneu.
O policial admitiu ter disparado, dizendo não ter conhecimento da presença de migrantes a bordo. Laurent Kennes, seu advogado, disse à AFP: “É um horror carregar a imagem de alguém responsável pela morte de uma criança…Ele sente que tudo caiu sobre ele, que deve carregar os erros dos promotores estaduais, da política de migração”, acrescentou Kennes.
LEIA: Israel recusa-se a pagar indenização à Bélgica por demolir casas palestinas
Com 40 e poucos anos e dois filhos, o réu é acusado de homicídio involuntário e será julgado em um tribunal na cidade belga de Mons.
Se for considerado culpado, ele pode enfrentar uma pena de prisão de cinco anos.
Dois curdos iraquianos, o motorista da van e o suposto contrabandista de migrantes, serão julgados ao lado do policial.
A dupla foi acusada de direção perigosa, agravada pela morte. Ainda não está claro que sentença eles podem enfrentar se forem condenados.
O incidente causou um escândalo na Bélgica, destacando a criminalização da migração irregular; a desumanização dos refugiados; e as táticas questionáveis empregadas pelas forças policiais francesa e belga.
O caso atraiu o apoio de várias celebridades de destaque, incluindo o cineasta britânico Ken Loach, que pediu às pessoas que se perguntassem: “quais circunstâncias justificam atirar em uma van cheia de pessoas?”
Roger Waters, membro do Pink Floyd que também apóia a causa, pediu aos belgas que comparecessem à audiência de dois dias e se recusassem a permitir que as autoridades “varressem a morte desta criança para debaixo de um tapete”, informou a AFP.
LEIA: Oficiais americanos que frustraram ataque do Daesh comparecem à corte na França