O ex-Primeiro-Ministro do Sudão Sadiq Al-Mahdi, líder do Partido Nacional Islâmico, de oposição ao atual governo, faleceu de coronavírus, nesta quarta-feira (25), aos 84 anos de idade, três semanas após ser internado nos Emirados Árabes Unidos.
Segundo a imprensa sudanesa, a saúde de Al-Mahdi deteriorou-se após grave pneumonia causada pelo vírus.
Al-Mahdi foi o último premiê eleito democraticamente do país, deposto pelo golpe militar de 1989, que levou o ditador Omar Al-Bashir ao poder. O partido moderado de Al-Mahdi aliou-se então ao levante popular pró-democracia que enfim destituiu Al-Bashir, em abril de 2019.
Al-Mahdi também representou um dos mais contundentes opositores à recente aproximação entre Sudão e Israel, ao reiterar o estado de apartheid imposto contra os palestinos.
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O governo civil-militar de transição no Sudão declarou três dias de luto nacional.
Segundo comunicado de seu partido, o corpo de Al-Mahdi chegará à capital Cartum na manhã desta sexta-feira (27) e será velado e enterrado em Omdurman, sua cidade natal, junto do memorial a seu pai, o imã Mohammad Ahmed Al-Mahdi.
O pai do ex-premiê foi um proeminente líder religioso que proclamou a si mesmo como Mahdi ou “Aquele que é Guiado”, espécie de redentor profetizado na tradição islâmica.
O movimento mahdista foi responsável por derrotar o domínio egípcio-otomano em uma guerra por soberania sudanesa, na segunda metade do século XIX.
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