O Secretário-Geral da ONU António Guterres advertiu na última sexta-feira (27) que o Iêmen assolado pela guerra “vive agora um risco iminente da pior crise de fome generalizada no mundo, em décadas”.
As informações são da agência Reuters.
O alerta de Guterres foi emitido após os Estados Unidos ameaçarem criminalizar o grupo iemenita houthi, ligado ao Irã, como parte de sua campanha de “máxima pressão” contra o regime iraniano.
Trabalhadores humanitários expressaram receios de que esta medida possa impedir a chegada de assistência humanitária urgente ao país.
“Faço um apelo a todas as partes influentes para que ajam urgentemente sobre tais questões, a fim de evitar uma catástrofe. Peço também a todos que evitem tomar qualquer ação que possa piorar ainda mais a situação já crítica”, declarou Guterres, em nota.
Uma coalizão liderada pela Arábia Saudita interveio no Iêmen em 2015, com o objetivo de restaurar o governo aliado, após o movimento rebelde houthi capturar grande parte do país, incluindo a capital Sanaa.
Oficiais da ONU tentam ressuscitar as conversas de paz para dar fim à guerra, à medida que o sofrimento do país agrava-se pelo colapso econômico e monetário e pela pandemia de coronavírus.
“Na falta de ação imediata, milhões de vidas serão perdidas”, reiterou Guterres.
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As Nações Unidas descrevem o Iêmen como a pior crise humanitária do mundo, dado que 80% da população depende de assistência humanitária urgente.
Segundo uma fonte diplomática, em condição de anonimato, a criminalização dos houthis pelos Estados Unidos “certamente não contribuirá para qualquer progresso no Iêmen … É provável que queiram fazer tudo que podem para aumentar a pressão ao Irã”.
Mark Lowcock, chefe de assistência humanitária da ONU, afirmou que a entidade recebeu menos da metade do valor necessário para prover serviços no Iêmen, ao longo de 2020 – cerca de US$1.5 bilhões.
Em 2019, as operações humanitárias da ONU no país árabe receberam US$3 bilhões em doações internacionais.