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Governo contrata empresa para vigiar jornalistas e influenciadores

O presidente Jair Bolsonaro [via Getty Images]
O presidente Jair Bolsonaro [via Getty Images]

Contratada pelo governo Bolsonaro, uma empresa de comunicação desenvolveu uma lista monitorando 77 jornalistas e outros formadores de opinião, classificando-os como “detratores” do governo Bolsonaro e do Ministério da Economia, “neutros informativos” e “favoráveis”. Segundo informações do jornalista do Uol, Rubens Valente, que teve acesso ao arquivo e também está listado como um dos “detratores”.

Intitulado “Mapa de Influenciadores”, o relatório produzido pela empresa BR+ Comunicação contém 44 jornalistas ao todo, cada nome é acompanhado de uma descrição sobre publicações nas redes sociais que falem do governo, Ministério da Economia ou Paulo Guedes. Oito dos jornalistas tiveram o telefone celular divulgado no relatório. Também há recomendações sobre como o governo deve agir em cada caso: variam de “monitoramento preventivo das publicações” e “envio de esclarecimentos para eventuais equívocos” até “propor parceria para divulgar ações da Pasta”, no caso dos favoráveis.

A lista dos “detratores” é a mais numerosa, com 50 nomes. Entre eles estão os jornalistas Guga Chacra, Vera Magalhães, Xico Sá, Hildegard Angel e George Marques; além de professores universitários e outros influenciadores digitais. Guga Chacra, por exemplo, jornalista correspondente da Rede Globo em Nova York, é definido como “crítico ao governo Bolsonaro e já se manifestou contra falas ou participações do ministro Paulo Guedes em agenda oficial”. No twitter, o jornalista respondeu que é “inacreditável que isso exista no Brasil em 2021” e o relatório lembra “listas elaboradas por regimes da Alemanha Oriental, China e Arábia Saudita”.

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O jornalista George Marques, editor chefe no portal Socialismo Criativo, também respondeu ao seu nome na lista, publicando no Twitter: “Profissionais que defendem a verdade contra as fake news produzidas pelo presidente são tratados como ‘detratores’ pelo governo Bolsonaro. A estratégia autoritária é antiga. Na ditadura nos classificavam como ‘subversivos ou apoiadores’. A história é cíclica.”. Na rede social, ele também disse: “É urgente que se descubra o que está por trás do dossiê de ‘detratores’ montado pela agência que atende o governo Bolsonaro. Enquanto a ciência sofre severos cortes de gastos, esse é mais um exemplo de mau uso do dinheiro público.” No relatório, seu posicionamento é descrito como crítico ao governo, presidente e ministros e “se refere ao ministro da Economia como ‘Paulo Parasita Guedes’”.

A lista define como favoráveis 23 nomes, entre eles Rodrigo Constantino, Milton Neves e Guilherme Fiuza.  Entre os neutros estão oito nomes, como os jornalistas Cristiana Lôbo, Malu Gaspar, Marcelo Lins, Mônica Bergamo e Octavio Guedes. Os nomes de Pedro Meneses, Joel Pinheiro e Matheus Hector aparecem tanto nos campos de “detrator” quanto de “favorável”. O nome de Camila Abdo se repete duas vezes na lista de favoráveis.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) já começou a coletar assinaturas para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que deve investigar a contratação da empresa BR+ Comunicação, onde foram gastos R$ 2,7 milhões em seus serviços, e quais “agentes políticos e públicos estão envolvidos na determinação para a elaboração do referido mapa”.  São necessárias 171 assinaturas de deputados federais para que a CPI seja instalada. Atualmente, a Câmara tem 5 CPIs em andamento, o que permite a criação de uma nova.

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