A Associação Evangélica do Egito estabeleceu uma instituição de ensino focada na chamada “cura gay”, reportou o jornal online Egypt Independent.
O pastor Tony George, que trabalha para a entidade cristã no Egito e Oriente Médio, alegou que a homossexualidade está nas raízes dos traumas infantis e que a escola deve ajudar as pessoas no caminho da mudança.
“Recuperar-se da homossexualidade não é impossível”, declarou.
Em outubro, um relatório da organização internacional Human Rights Watch denunciou que policiais e forças de segurança do Egito costumam prender arbitrariamente pessoas LGBT e mantê-las em condições desumanas, sob tortura e violência sexual.
Em 2001, 52 homens foram presos após a polícia invadir uma embarcação no Rio Nilo, conhecida como Barco da Rainha.
A repressão escalou em 2017, após um concerto da banda libanesa de música pop Mashrou Leila, no Cairo, no qual 56 pessoas foram presas por exibir uma bandeira do arco-íris, símbolo do movimento gay.
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Em junho, a ativista Sarah Hegazi, única mulher presa na ocasião, cometeu suicídio em seu exílio no Canadá.
Sarah foi eletrocutada na prisão, forçada a deixar seu trabalho e eventualmente o país. Foi acusada pelo governo egípcio de filiar-se a um grupo clandestino e promover devassidão e desvios sexuais, conforme descrito pela promotoria.
Após sua soltura, Sarah passou a conviver com severo transtorno de estresse pós-traumático.
Em novembro, um jovem foi detido supostamente por sua orientação sexual, após comparecer a uma delegacia para acompanhar uma testemunha de um caso de estupro cometido contra uma mulher, dopada e violentada, no hotel de luxo Fairmont, na capital egípcia.
O Human Rights Watch reportou que Seif Badour, de 14 anos, não estava presente quando ocorreu o estupro e simplesmente acompanhava sua amiga para prestar depoimento na delegacia local.
No total, três mulheres foram também detidas e investigadas por uso de drogas ao comparecerem à delegacia como testemunhas de um caso de estupro coletivo. As autoridades constrangeram as vítimas ao acusá-las de participar de uma orgia.
Sites apoiadores do governo do general Abdel Fattah el-Sisi difamaram as vítimas e testemunhas, ao divulgar a fake news de que participavam de uma rede de homossexuais com objetivo de espalhar a AIDS no Egito.