O Presidente do Parlamento da Tunísia Rachid Ghannouchi alertou contra a dissolução da câmara legislativa, ao denunciar o que descreveu como “forças do caos” que pretendem destituir o “local de debates, que deve permanecer como reino do diálogo”.
Ao comentar sobre a recente onda de violência no parlamento, Ghannouchi declarou à televisão local: “Tais violações não são novidade. Aconteceu antes quando o bloco Destoriano Livre ocupou o parlamento por dias, atrasou a aprovação da constituição e perturbou os trabalhos de comitês legislativos mais de uma vez, em nome do caos”.
“Contudo, o parlamento não foi comprometido e não será suspenso, a fim de manter seu papel legislativo e fiscalizador regularmente”, reiterou o líder do proeminente partido Ennahda.
Prosseguiu: “Condenamos a violência de qualquer partido e prometo investigar a matéria e emitir sentença. Todos os partidos serão responsabilizados por suas ações. Garantimos ao povo tunisiano que o parlamento está cumprindo seus deveres e teremos um orçamento geral pronto conforme os prazos constitucionais, isto é, em 10 de dezembro de 2020”.
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Ghannouchi alegou que as forças que buscam dissolver o parlamento são “anarquistas e inimigos da revolução, que querem diminuir as conquistas do país”.
“A Tunísia é uma história de sucesso”, asseverou o líder político.
“Assim como obteve êxito politicamente, de modo que impressionou o mundo, triunfou também nos âmbitos social e econômico, ao conceder serviços decentes e sofisticados a todos os seus cidadãos, que precisam de emprego, educação e saúde. Teremos um futuro melhor”.
Nesta segunda-feira (8), o Parlamento da Tunísia vivenciou uma violenta briga entre representantes de partidos políticos rivais, o que incitou indignação e levou a uma campanha online para que o Presidente Kais Saied dissolva a atual câmara legislativa.
O confronto eclodiu entre membros da Corrente Democrática, bloco de centro-esquerda, e da Coalizão Al-Karama, grupo de extrema-direita, durante sessão do Comitê para Mulheres, que tratava dos direitos das trabalhadoras camponesas.
Um parlamentar sofreu um ferimento na cabeça; outro saiu inconsciente da sessão