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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Colonos lamentam o fim da lua de mel com Trump à medida em que posse de Biden se aproxima

Uma visão das obras em andamento em um assentamento israelense em Jerusalém, em 4 de outubro de 2018 [Mostafa Alkharouf / Agência Anadolu]
Uma visão das obras em andamento em um assentamento israelense em Jerusalém, em 4 de outubro de 2018 [Mostafa Alkharouf / Agência Anadolu]

Enquanto começa a contagem regressiva para o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, entrar na Casa Branca, abundam as previsões sobre o futuro dos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, especialmente a possibilidade de restringir projetos de expansão, como aconteceu durante a presidência de Obama. Também há previsões de que os colonos israelenses não terão rédea solta para roubar terras palestinas, o que Donald Trump tolerou.

A liderança dos colonos parece estar dividida conforme o fim do mandato de Trump se aproxima. O que começou como um debate sobre o “acordo do século” se tornou uma disputa fundamental sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e sua política em relação ao roubo de terras.

Após a visita extremamente simbólica do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, a um assentamento, os colonos estão tentando pressionar Netanyahu com uma série de demandas. Eles não têm certeza sobre as intenções de Biden, com preocupações semelhantes às que os perseguiram ao longo dos dois mandatos de Obama.

É improvável que suas demandas sejam aceitas por Netanyahu ou Trump. A maioria dos colonos percebe que, na verdade, têm pouca ou nenhuma influência sobre Netanyahu; mais importante, que eles não podem se unir em uma mesma direção, apesar dos esforços que estão sendo feitos para se beneficiar da estreita janela de oportunidade antes da mudança do presidente em Washington.

No entanto, os líderes do Conselho Yesha (dos colonos) estão promovendo a construção de um dos postos avançados do assentamento, que inclui pessoas que vivem na terra há anos, mas ainda não foram “reconhecidas” pelo governo israelense. Esses assentados não possuem infraestrutura básica, e precisam estar conectados aos assentamentos estabelecidos, o que está em pauta. Há também a questão do despejo dos palestinos de Khan Al-Ahmar.

LEIA: Oitenta e seis famílias são forçadas a demolir suas próprias casas em Jerusalém

A atenção dos colonos está voltada para Washington e também para o Gabinete do Primeiro-Ministro israelense. Eles afirmam que este foi um ano de decepções com Netanyahu; o adiamento do plano de anexação na Cisjordânia prejudicou sua confiança nele.

O Conselho de Yesha insiste que o acordo do século deve ser descartado e seus líderes estão irritados com Netanyahu por não cumprir sua promessa de prosseguir com o plano de anexação. No meio da disputa, encontramos outros colonos sentados na proverbial cerca.

É claro que Netanyahu deseja estabelecer os fatos na prática, bem como definir seu espaço para a criação do “Grande Israel” e seu monopólio sobre Jerusalém. No entanto, é mais complexo do que os israelenses imaginam. Veja o crescimento de assentamentos ilegais em Jerusalém e arredores. Bairros como Givat HaMatos, Beit Safafa no norte e o assentamento Har Homa no leste devem crescer. Israel quer transformar este último no primeiro grande assentamento desde os anos 1990, com 3.000 novas unidades habitacionais.

Trump não se preocupa com o Direito Internacional e torna legais os assentamentos ilegais - Charge [Sabaaneh / Monitor do Oriente Médio]

Trump não se preocupa com o Direito Internacional e torna legais os assentamentos ilegais – Charge [Sabaaneh / Monitor do Oriente Médio]

Uma nova onda de construção de assentamentos e a demolição de casas palestinas na Cisjordânia e em Jerusalém precede a posse de Biden em janeiro. A construção no assentamento Givat HaMatos enfraquece uma solução de “dois estados” ao cortar a contiguidade geográfica entre Jerusalém Oriental e Belém. Não é de admirar que a comunidade internacional considere isso como tendo implicações estratégicas para qualquer acordo futuro; a oposição quase unânime entre os aliados próximos de Israel pode impedi-lo de implementar este plano.

Mesmo assim, em 15 de novembro, após anos de atraso, a Administração de Terras de Israel convidou empreiteiros para a construção de 1.257 unidades de assentamento em Givat HaMatos. Assim que os contratos forem assinados, será um ponto sem volta e a construção será inevitável. O prazo para apresentação de propostas será antes ou imediatamente após a posse de Biden, em 20 de janeiro.

Givat HaMatos não é o único plano de assentamento de Jerusalém Oriental a ser acelerado. Outro plano surgiu quando Netanyahu pediu autorização de Pompeo para construir um novo assentamento em Aterot, ao norte de Jerusalém, novamente para criar fatos consumados antes de Biden assumir o cargo.

Outros planos existem voltados a mudar o mapa de Jerusalém e destruir a possibilidade de uma solução de dois estados. Em fevereiro, Netanyahu disse pela primeira vez que iria anunciar projetos em meio a uma campanha eleitoral que decidiria seu destino político. Eram licitações relacionadas à construção na área E1 para criar um buffer completo entre Jerusalém Oriental e Belém e dividir a Cisjordânia em dois cantões separados. Isso impedirá a inclusão de Jerusalém e seu interior em qualquer futuro estado palestino.

Com outra eleição israelense antecipada no horizonte em março do próximo ano ou por aí, Netanyahu parece estar tentando angariar apoio entre os colonos. Ele já fez isso no passado e está em posição de fazê-lo novamente.

Os projetos de assentamento supervisionados por Netanyahu simbolizam sua rejeição à solução de dois estados e tornarão sua implementação impossível na realidade. Ele parece estar enviando uma mensagem clara a Joe Biden para não pensar em tal solução e de que Jerusalém foi tirada da mesa e permanecerá fora. Apesar disso, os colonos vão lamentando o fim de sua lua-de-mel sob Trump conforme a administração Biden se aproxima.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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