O Sudão é o país mais afetado pela controversa Grande Represa do Renascimento, construída pela Etiópia sobre as águas do Rio Nilo, afirmou a chancelaria sudanesa.
A afirmação foi feita durante um encontro entre oficiais dos Ministérios de Relações Exteriores, Irrigação, Cultura e Informação, além de diversos embaixadores ocidentais, na capital sudanesa Cartum.
Na ocasião, Mohamed Sherif Abdallah, subsecretário do Ministério de Relações Exteriores do Sudão, destacou a importância de prosseguir com as negociações, como único meio de solucionar as divergências entre as partes envolvidas.
Abdallah reiterou que seu governo manterá esforços para elucidar sua postura e conscientizar as partes sobre os riscos aos quais o Sudão, sua população e suas instalações estratégicas são submetidos, à medida que as obras avançam.
O diplomata sudanês enfatizou o compromisso de seu país aos esforços de mediação da União Africana e suas esperanças de que tais iniciativas possam resultar em um acordo consentido entre todas as partes.
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A Etiópia investiu US$5 bilhões na construção da barragem, perto da fronteira com o Sudão, e argumenta que o projeto concederá ao país a oportunidade de estabilizar sua economia e sua demanda por energia elétrica.
O Egito teme que a represa possa reduzir seu acesso às águas do Nilo, quando preenchida. O país depende absolutamente dos 55.5 milhões de metros cúbicos que deságuam em seu território anualmente, para necessidades básicas, como água potável, agricultura e eletricidade.
O governo egípcio exige que a Etiópia garanta o fornecimento de 40 bilhões de metros cúbicos ou mais das águas do Nilo. O Ministro de Irrigação da Etiópia Seleshi Bekele chegou a alegar que o Egito abandonou a demanda, mas foi desmentido por nota oficial do país vizinho.
Há também a questão em aberto sobre o processo de preenchimento da barragem, pois o Egito receia que, caso feito rápido demais, poderá impactar severamente a geração de eletricidade de sua Represa Alta de Assuã.
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