Os Estados Unidos removeram oficialmente o Sudão de sua lista de estados patrocinadores do terrorismo, anunciou nesta segunda-feira (14) a embaixada americana em Cartum.
“O Secretário de Estado [Mike Pompeo] assinou uma notificação declarando a rescisão da designação do Sudão como estado patrocinador do terrorismo, em vigor a partir de hoje, a ser publicada no Registro Federal”, reportou a embaixada em nota.
Segundo o comunicado, o período de notificação ao congresso, previsto em 45 dias, já expirou.
O Sudão constava na lista de países ligados ao terrorismo internacional desde 1993, por abrigar o falecido líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden.
A designação impedia qualquer assistência econômica dos Estados Unidos ao Sudão e efetivamente obstruía qualquer financiamento ou negociação das dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Mundial.
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“Esta conquista traz diversas oportunidades ao desenvolvimento do Sudão”, alegou o primeiro-ministro sudanês Abdalla Hamdok, em sua página do Twitter.
O premiê interino anunciou então que o país norte-africano retornou “oficialmente” à comunidade internacional, como “nação pacífica que apoia a estabilidade global”, após três décadas de isolamento.
After 3 decades of global isolation on the #SSTL #Sudan officially rejoins the int'l community as a peaceful nation supporting global stability. This achievement comes with numerous opportunities for Sudan’s development & we thank everyone involved in making this happen.#NewEra pic.twitter.com/I8EQG04CK5
— Abdalla Hamdok (@SudanPMHamdok) December 14, 2020
O Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo afirmou que revogar as sanções “representa uma mudança fundamental em nosso relacionamento bilateral, em direção a maior colaboração e apoio à transição democrática histórica no Sudão”.
“Esta conquista tornou-se possível pelos esforços do governo transicional sudanês, liderado por civis, a fim de traçar uma rota inovadora distante do legado de Omar al-Bashir [ex-presidente], em particular, ao cumprir os critérios estatutários e políticos para a rescisão”, declarou Pompeo.
Prosseguiu: “Cumprimentamos os apelos do povo sudanês por liberdade, paz e justiça, e parabenizamos os membros do governo transicional por sua coragem em avançar com os anseios dos cidadãos que representam”.
Entretanto, retirar o Sudão da lista de estados patrocinadores do terrorismo trata-se de um incentivo fundamental ao governo em Cartum para normalizar laços com Israel.
Após Emirados Árabes Unidos e Bahrein, o Sudão está previsto para ser o terceiro estado árabe a normalizar relações com a ocupação israelense, nos últimos meses, conforme esforços da atual gestão dos Estados Unidos.
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A medida, crê o governo do presidente americano Donald Trump, ajuda a impedir o crescimento da influência iraniana no Oriente Médio, além de marginalizar a questão palestina.
Como parte do acordo, o Sudão também concordou em pagar US$335 milhões de em indenização a vítimas dos ataques terroristas contra as embaixadas americanas no Quênia e Tanzânia, em 1998, nos quais 224 pessoas foram mortas e milhares, feridas.
Embora não estivesse diretamente envolvido, na época, o Sudão abrigava Bin Laden, cuja organização Al-Qaeda prontamente assumiu responsabilidade pelos ataques.