Mark Lowcock, subsecretário-geral de assuntos humanitários e coordenador de assistência emergencial das Nações Unidas, divulgou que 34% das crianças no noroeste da Síria sofrem algum atraso no desenvolvimento devido à desnutrição.
Tais estatísticas dão dimensão à carência de alimentos e assistência básica na área, segundo um informativo de Lowcock ao Conselho de Segurança da ONU, emitido ontem (16).
Até 37% das mães nas áreas de deslocamento sofrem desnutrição, resultando no aumento de 5% em casos de má formação das crianças nascidas na região, conforme período de um ano. Um terço das crianças abaixo dos cinco anos de idade são afetadas.
A razão primordial para a desnutrição endêmica é o fato de 80% das famílias deslocadas não terem renda suficiente para cobrir necessidades básicas. O índice é pior em famílias sustentadas por mulheres, com salários de apenas 30% em relação aos homens.
A água também é um problema significativo aos deslocados internos em Idlib, alertou Lowcock.
“A eletricidade proveniente de distribuidores turcos aumentou o bombeamento a poços locais, no último mês, mas o fornecimento de água ainda está abaixo do necessário. A estação de bombeamento de Ein Al-Bayda poderia suprir a carência em Al-Bab, mas teria de ser retomada imediatamente”, relatou o oficial da ONU.
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Muitas das famílias deslocadas foram forçadas a fugir da província de Idlib, noroeste da Síria, considerada último posto da oposição, após o regime sírio de Bashar al-Assad e aliados russos bombardearem extensivamente a área, antes de um cessar-fogo em março.
Contudo, os deslocados sírios continuam em situação crítica, sem recursos e sequer saneamento básico, nos campos de refugiados espalhados em Idlib e arredores. Enquanto isso, o preço dos alimentos aumentou exponencialmente nos últimos meses.
A situação agravou-se ainda mais após Rússia e China votarem para fechar a maioria das travessias de fronteira entre Síria e Turquia, no Conselho de Segurança da ONU, neste ano.
A medida limitou efetivamente o envio de ajuda humanitária à região. Apenas uma das quatro travessias de fronteira permanece aberta, impondo maior risco a civis deslocados, diante de um inverno severo, sem comida ou combustível.
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