Nove entre dez famílias refugiadas sírias no Líbano vivem na extrema pobreza, declarou na sexta-feira (18) um relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O documento alerta que quase 89% das famílias enfrentam dificuldades para suprir as mais básicas necessidades neste fim de ano, aumento significativo dos 55% registrados em 2019.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) culpam a crise econômica no Líbano, o colapso fiscal, a pandemia de coronavírus e a explosão em Beirute pela queda acentuada.
Mireille Girard, representante da ACNUR no Líbano, afirmou: “As crises consecutivas afetaram todas as comunidades no país – libaneses, refugiados, imigrantes e outros – e os mais vulneráveis são os mais atingidos”.
“A situação dos refugiados sírios no Líbano deteriora-se há anos, mas as descobertas da pesquisa recente representam um indicativo dramático de quão difícil está para eles viverem um dia após o outro”, prosseguiu.
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Girard advertiu que as famílias de refugiados sírios no Líbano podem estar prestes a “enfrentar seu pior inverno … com muito pouco para manter-se aquecidas e seguras”.
O Líbano abriga aproximadamente 1.5 milhões de sírios, um quarto da população total.
Contudo, o país luta contra sua pior crise econômica desde o fim da guerra civil, em 1990, com o crescimento exponencial do desemprego, inflação e colapso monetário.
O relatório sugere que aproximadamente 90% dos lares de refugiados sírios possuem dívidas em curso, com 93% forçados a pedir empréstimos para pagar pelas próprias refeições. O preço dos alimentos quase triplicou no país desde outubro de 2019.
Metade das famílias sírias entrevistadas para o relatório revelaram sofrer de insegurança alimentar, grave aumento em relação aos 28% reportados no último ano.
Pesquisadores também descobriram que o número de famílias com dietas inadequadas praticamente dobrou, com aumento de 25% a 49% em apenas doze meses. Outro aumento está no número de lares que reduziram a frequência ou porção das refeições diárias.
A pesquisa acrescentou ainda que os refugiados tiveram acesso limitado ao ensino remoto durante a pandemia, frequentemente devido a conexões de internet precárias ou inexistentes.
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