Alemanha e Finlândia repatriaram 23 cidadãos provenientes de campos de refugiados no norte da Síria, que abrigam parentes de combatentes suspeitos do Estado Islâmico (Daesh), ao justificar o retorno por questões humanitárias.
Cinco mulheres e 18 crianças foram repatriadas no total. Três mulheres e doze crianças desembarcaram em Frankfurt, Alemanha, na manhã de ontem (20). O restante viajou à capital finlandesa Helsinque.
A repatriação é parte de uma operação conjunta realizada pelos dois países, porém, mantida em segredo até a chegada dos refugiados.
Autoridades alemãs prenderam uma das mulheres no desembarque. Segundo relatos, outras três mulheres, entre 21 e 38 anos, estão agora sob investigação por suposta filiação ao grupo terrorista internacional.
O Ministro de Relações Exteriores da Alemanha Heiko Maas declarou: “Estou bastante aliviado de que conseguimos repatriar ontem outras doze crianças e três mães de campos localizados no nordeste da Síria”.
Dado que as crianças são órfãs ou estavam doentes, Maas descreveu a medida como “particularmente necessária e urgente”.
Kamal Akif, porta-voz de relações internacionais da administração curda no norte da Síria, relatou à AFP que as mulheres também estavam em más condições de saúde.
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A chancelaria finlandesa comentou sobre a operação: “Segundo a constituição, autoridades públicas da Finlândia são obrigadas a salvaguardar os direitos básicos de crianças finlandesas mantidas nos campos, na medida do possível”.
Prosseguiu: “Os direitos básicos das crianças mantidas nos campos de Al Hol só poderão ser protegidos ao repatriá-las à Finlândia.”
Milhares de estrangeiros permanecem nos campos do nordeste sírio, administrados por grupos paramilitares curdos, como as Unidades de Proteção Popular (YPG) e parte das Forças Democráticas da Síria (FDS), desde a derrota do Daesh, há dois anos.
Muitos dos indivíduos que residem nos campos, além de ex-combatentes do Daesh detidos em prisões curdas, são estrangeiros que viajaram à Síria para se juntarem ao grupo terrorista, alguns anos após o início da revolução e da guerra civil no país.
A medida da Alemanha e Finlândia opõe-se à atitude europeia em relação à repatriação de cidadãos situados em campos na Síria.
Organizações de direitos humanos e os Estados Unidos exortaram reiteradamente os países europeus a proceder com a repatriação, mas muitos recusaram-se com base em supostos riscos de segurança nacional, representados pelos refugiados.
Em outubro, um relatório estimou que 600 crianças com cidadania europeia permanecem nos campos de refugiados no nordeste da Síria.
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