Um documento secreto enfim vazou ao público, concedendo detalhes de um plano esboçado por Theodor Herzl, fundador do sionismo político, para declarar o sul do Marrocos como “estado judeu”, revelou o site de notícias marroquino Hespress.
Segundo a reportagem, o registro “retoma relações históricas entre judeus e Marrocos muito anteriores à retomada de relações oficiais entre Rabat e Tel Aviv”, em referência ao recente acordo de normalização entre a monarquia árabe e a ocupação israelense.
A proposta de assentar imigrantes judeus no território marroquino antecedeu a ideia de transferir colonos à Palestina histórica.
Segundo o jornal israelense Yedioth Ahronoth, Herzl “promoveu um documento secreto para instituir o Plano do Marrocos, muitos menos conhecido do que o Plano de Uganda, focado em assentar judeus russos em Wadi al-Hisan, no sudoeste do Marrocos”.
A ideia de transferir judeus estrangeiros a Uganda é parte do currículo escolar israelense, mas pouco se sabe do plano alternativo de Herzl para colonizar o sul do Marrocos.
O pai do sionismo político abordou este projeto em uma carta ambígua, escrita em 1903. Sua morte súbita, um ano depois, efetivamente engavetou o plano.
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Yaakov Hagoel, presidente da Organização Sionista Mundial (OSM), comentou a proposta ao jornal israelense: “Havia uma grande concentração de judeus ali, seja no Marrocos ou Norte da África, em geral. É preciso saber que Herzl era um homem muito pragmático”.
Prosseguiu: “[Herzl] enxergou um problema com os judeus perseguidos por violência, sobretudo, na Europa Oriental, e viu que o Marrocos possuía uma comunidade judaica próspera, com centros judaicos ativos”.
Joseph Chetrit, professor do Departamento de Hebraico e Literatura Comparada da Universidade de Haifa, afirmou que o plano marroquino foi introduzido por Baruch e Yaakov Moshe Toledano, irmãos bastantes conhecidos no movimento sionista da época.
“Baruch falou com Herzl alguns meses antes deste morrer, então apelou ao rabino francês Vidal de Fez, próximo à monarquia marroquina, para estabelecer uma região independente para os judeus em Wadi al-Hisan”, relatou o acadêmico.
Chetrit destacou que Vidal de Fez, bastante versado na política do país norte-africano, percebeu que o plano era meramente uma peça de ficção, que não considerava até então a situação doméstica no Marrocos.
“Foi seu neto em Israel, que carrega seu nome, quem descobriu o documento e o publicou pela primeira vez”, concluiu o professor israelense.
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