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Documento revela planos do pai do sionismo para criar um ‘estado judeu’ no Marrocos

O Templo de Salomão é a sede mundial da Igreja Universal do Reino de Deus que foi construída no Bairro do Brás em São Paulo, Brasil. A edificação da réplica foi inspirada em características da construção do Templo de Salomão, conhecido também como o primeiro templo citado pela Bíblia. Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas
Retrato de Theodor Herzl, fundador do sionismo político, no Museu da Independência de Israel, residência em Tel Aviv onde David Ben-Gurion, primeiro premiê israelense, declarou a criação do estado sionista, há 70 anos atrás, em 3 de maio de 2018 [Jack Guez/AFP/Getty Images]

Um documento secreto enfim vazou ao público, concedendo detalhes de um plano esboçado por Theodor Herzl, fundador do sionismo político, para declarar o sul do Marrocos como “estado judeu”, revelou o site de notícias marroquino Hespress.

Segundo a reportagem, o registro “retoma relações históricas entre judeus e Marrocos muito anteriores à retomada de relações oficiais entre Rabat e Tel Aviv”, em referência ao recente acordo de normalização entre a monarquia árabe e a ocupação israelense.

A proposta de assentar imigrantes judeus no território marroquino antecedeu a ideia de transferir colonos à Palestina histórica.

Segundo o jornal israelense Yedioth Ahronoth, Herzl “promoveu um documento secreto para instituir o Plano do Marrocos, muitos menos conhecido do que o Plano de Uganda, focado em assentar judeus russos em Wadi al-Hisan, no sudoeste do Marrocos”.

A ideia de transferir judeus estrangeiros a Uganda é parte do currículo escolar israelense, mas pouco se sabe do plano alternativo de Herzl para colonizar o sul do Marrocos.

O pai do sionismo político abordou este projeto em uma carta ambígua, escrita em 1903. Sua morte súbita, um ano depois, efetivamente engavetou o plano.

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Yaakov Hagoel, presidente da Organização Sionista Mundial (OSM), comentou a proposta ao jornal israelense: “Havia uma grande concentração de judeus ali, seja no Marrocos ou Norte da África, em geral. É preciso saber que Herzl era um homem muito pragmático”.

Prosseguiu: “[Herzl] enxergou um problema com os judeus perseguidos por violência, sobretudo, na Europa Oriental, e viu que o Marrocos possuía uma comunidade judaica próspera, com centros judaicos ativos”.

Joseph Chetrit, professor do Departamento de Hebraico e Literatura Comparada da Universidade de Haifa, afirmou que o plano marroquino foi introduzido por Baruch e Yaakov Moshe Toledano, irmãos bastantes conhecidos no movimento sionista da época.

“Baruch falou com Herzl alguns meses antes deste morrer, então apelou ao rabino francês Vidal de Fez, próximo à monarquia marroquina, para estabelecer uma região independente para os judeus em Wadi al-Hisan”, relatou o acadêmico.

Chetrit destacou que Vidal de Fez, bastante versado na política do país norte-africano, percebeu que o plano era meramente uma peça de ficção, que não considerava até então a situação doméstica no Marrocos.

“Foi seu neto em Israel, que carrega seu nome, quem descobriu o documento e o publicou pela primeira vez”, concluiu o professor israelense.

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