Os Estados Unidos aprovaram uma lei de resposta ao covid-19 no valor de US$900 bilhões, a fim de prestar socorro a indústrias e trabalhadores afetados pela pandemia. Porém, centenas de milhões de dólares deste pacote foram concedidos a Israel e sua ocupação militar.
No projeto de lei aprovado pelo Congresso ontem (21), como parte de um pacote totalizado em US$2.3 trilhões, o ato enunciado como “Aprovisionamento, termos de defesa” destina um total de US$500 milhões a “programas cooperativos israelenses”.
Dentre o valor outorgado, US$73 milhões serão encaminhados à Secretaria de Defesa dos Estados Unidos, a fim de conceder ao governo de Israel uma série de investimentos ao sistema antiaéreo Domo de Ferro, para “reagir a ameaças de foguetes de curta distância”.
Outros US$177 milhões serão atribuídos ao programa de mísseis balísticos de curto alcance (SRBM), incluindo pesquisa e desenvolvimento de novos mísseis cruzadores, dos quais US$50 milhões devem ser aplicados em atividades de coprodução militar Israel-Estados Unidos.
A legislação alega que o objetivo da injeção de recursos ao exército israelense é “atender às demandas de defesa consistentes com as leis, regras e procedimentos de cada nação”.
Enquanto isso, o restante do pacote lida com questões como isenção fiscal, escolha do próximo Dalai Lama, benefícios a negócios e auxílio emergencial aos desempregados, a fim de atenuar a crise ainda vigente do coronavírus.
Ao anunciar o acordo, após meses de obstrução, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, afirmou que a lei representa “um novo pacote de resgate de larga escala ao povo americano”, em referência ao primeiro pacote, aprovado em março.
LEIA: Um balanço de 2020 e a “normalização” com o Apartheid israelense
O senador veterano alegou que a legislatura de 5.593 páginas “está cheia de políticas desenvolvidas para ajudar aos americanos em dificuldades, que já aguardaram demais”.
Não obstante, mesmo as políticas destinadas a socorrer cidadãos carentes e desempregados foram severamente limitadas. Somente US$300 semanais serão depositados como auxílio-desemprego, metade do valor conferido no pacote anterior.
O pagamento será efetuado por onze semanas, em comparação com as 16 semanas instituídas pelo primeiro pacote. Além disso, o pagamento direto em única parcela de US$600 também é metade do valor fixado em março.
A disparidade nos valores retomou dúvidas sobre a prioridade do governo americano, ao favorecer sua indústria militar, empresas afiliadas e Pentágono – que recebeu US$696 bilhões, conforme o plano –, além de atividades militares de aliados estrangeiros, como Israel.
A justificativa do Congresso para limitar os gastos destinados aos cidadãos que perderam seus empregos e negócios é que bilhões também são necessários a outros recursos essenciais e obras inacabadas, como fornecimento de água e controle de enchentes.
O setor militar também alega ter sido bastante atingido pela pandemia.
LEIA: A Grande Divisão: Pandemia reflete racismo global, não igualdade