A missão de paz para a região de Darfur, no Sudão, estabelecida conforme parceria entre a ONU e a União Africana, deverá terminar em 31 de dezembro próximo, anunciou nesta terça-feira (22) o Conselho de Segurança das Nações Unidas, após treze anos de operação.
As informações são da agência Reuters.
Os quinze membros do Conselho de Segurança adotaram unanimemente uma resolução para encerrar o mandato da missão, conhecida como UNAMID, com prazo de seis meses para retirada de todas as tropas da área, até 30 de junho de 2021.
Segundo o site da missão, há hoje 4.000 soldados, 480 consultores de segurança, 1.631 policiais, 483 funcionários civis estrangeiros e 945 trabalhadores locais em campo, em Darfur.
O conflito espalhou-se na região de Darfur, oeste do Sudão, em meados de 2003, após rebeldes majoritariamente não-árabes se insurgirem contra a capital Cartum. Forças do governo e milícias árabes avançaram para reprimir a revolta, acusados então de atrocidades.
Cerca de 300.000 pessoas foram mortas e 2.5 milhões sofreram deslocamento.
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O ex-presidente sudanês Omar al-Bashir foi deposto pelo exército, com apoio popular, em abril de 2019, após meses de protesto contra as péssimas condições econômicas do país e sua ditadura de três décadas.
Um governo de transição foi composto sob um acordo de compartilhamento de poder, previsto para durar três anos, assinado entre grupos civis e militares. A promessa é conduzir o país norte-africano a eleições livres e justas.
Em junho, o Conselho de Segurança designou uma missão política da ONU para auxiliar no processo de transição sudanês, apoiar medidas de paz, promover o estado de direito, proteger civis e ajudar a coordenar serviços humanitários à população, sobretudo, em Darfur.
Entretanto, muitos residentes locais afirmam que a missão de paz não é eficiente ao protegê-los, mas ainda assim temem que sua saída possa deixá-los mais vulneráveis à violência. Protestos tomaram a região, nas últimas semanas.
Em outubro, as autoridades transicionais sudanesas concluíram um acordo de paz com alguns grupos rebeldes em Darfur. O armistício, no entanto, excluiu duas das organizações mais ativas em campo.
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