O estado paquistanês não pode e não reconhecerá Israel antes de uma “solução concreta e permanente” à causa palestina, declarou na segunda-feira (21) o Ministro de Relações Exteriores do Paquistão Shah Mahmood Qureshi.
“Apresentei categoricamente a postura paquistanesa sobre Israel ao chanceler dos Emirados Árabes Unidos e não podemos, tampouco iremos instituir laços com o estado sionista até que uma solução concreta e permanente seja encontrada para a questão palestina”, declarou Qureshi a repórteres, na cidade de Multan, nordeste do país.
Segundo a agência Anadolu, a declaração de Qureshi ocorre apenas um dia após sua visita aos Emirados, vista por muitos como “crucial”, diante de rumores de que Islamabad enviou um mensageiro secreto a Tel Aviv. O governo paquistanês negou os boatos.
O chanceler paquistanês respondeu então a perguntas sobre a suposta pressão da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e outros países do Golfo para que o Paquistão reconhecesse oficialmente o Estado de Israel.
LEIA: Paquistão sofre “pressão de países irmãos para reconhecer Israel’
Qureshi afirmou ter explicado à sua contraparte emiradense sobre a “profundeza das emoções e sentimentos” do povo paquistanês em relação à Palestina e Caxemira, consideradas causas irmãs contra a ocupação e a colonização.
“Número um, não haverá pressão sobre nós, tampouco há. Número dois, temos de tomar decisões que mantenham os interesses paquistaneses em perspectiva, não devido a qualquer pressão externa. Temos uma política e estados determinados a mantê-la”, prosseguiu.
Segundo o chanceler, o Primeiro-Ministro do Paquistão Imran Khan declarou reiteradamente que “não há pressão sobre a questão”.
Nos últimos anos, laços entre Islamabad e tradicionais aliados do Golfo se abalaram, diante da “neutralidade” paquistanesa sobre diversas questões, incluindo a guerra no Iêmen e o bloqueio ao Catar, conduzidos por uma coalizão saudita, em parceria com o governo emiradense.
Recentemente, o Marrocos tornou-se o quarto país árabe a normalizar relações com Israel, desde agosto, após Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão. Há pressão sobre outros países para instituir medidas similares, sobretudo, Arábia Saudita e Omã.
LEIA: Analista diz a jornal israelense que até Paquistão pode aderir à normalização