Quatro palestinos nos Estados Unidos aguardam perdão presidencial

Ghassan Elashi, diretor executivo da Fundação Holy Land em coletiva de imprensa na cidade de Richardson, Texas, Estados Unidos, 5 de dezembro de 2001 [Ronald Martinez/Getty Images]

A Organização Árabe para Direitos Humanos no Reino Unido (AOHR-UK) exortou o Presidente dos Estados Unidos Donald Trump a anistiar quatro palestinos que trabalhavam no campo de ajuda humanitária há anos, submetidos a julgamentos injustos.

Os quatro palestinos à espera do perdão presidencial são Shukri Abu-Baker, Mufid Abdulqader, Ghassan Elashi e Mohammad El-Mezain.

A entidade humanitária destacou que o presidente americano, cujo mandato termina em 20 de janeiro, possui o poder constitucional de perdoar réus e condenados, como fez recentemente em casos controversos.

Trabalho beneficente de longa data

Os quatro palestinos são membros da Fundação Holy Land (Terra Santa, em inglês), instituição beneficente fundada em 1989 para conceder apoio a pessoas carentes e órfãos na Palestina, com sede no Texas, Estados Unidos.

Autoridades americanas fecharam a organização e confiscaram seus recursos após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Acusações e primeiro julgamento

Em julho de 2004, a Promotoria Pública indiciou quatro homens, sob acusações que incluíam apoio ao terrorismo internacional. O julgamento começou em agosto de 2007 e durou dois meses. O juiz responsável anulou a sessão após o júri chegar a um impasse.

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Segundo julgamento

O juiz federal do Texas insistiu em reabrir o caso para condenar os quatro palestinos.

Um novo júri foi composto e as audiências recomeçaram. As sessões duraram apenas seis semanas, a despeito de padrões estabelecidos para um julgamento justo, e resultaram na condenação dos réus em novembro de 2008.

Em maio de 2009, o juiz Jorge Solis condenou Abu-Baker e Elashi a 65 anos de prisão cada, Abdulqader a 20 anos, El-Mezain e Odeh a 15 anos cada.

Abdelrahman Odeh foi recentemente libertado após expirar sua sentença.

A AOHR-UK reiterou que, ao contrário dos indivíduos perdoados recentemente por Trump, os quatro palestinos não cometeram crime algum contra a segurança nacional. De fato, foram vítimas de um estado hostil, incitado a partir dos eventos de 11 de setembro.

Gesto de boa vontade?

A Organização Árabe para Direitos Humanos no Reino Unido questionou se Trump seria capaz de ofertar um gesto de boa vontade ao povo palestino, bastante prejudicado por suas decisões como presidente, cujo propósito efetivo era aniquilar sua causa.

Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel, cortou todas as formas de apoio para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), promoveu a normalização entre a ocupação e estados árabes, entre outras medidas.

A AOHR-UK convocou todos os apoiadores da causa palestina, instituições da sociedade civil e entidades de direitos humanos nos Estados Unidos e exterior a pressionarem o presidente americano a anistiar os quatro palestinos.

Trata-se da única forma de dar fim à injustiça imposta aos prisioneiros e suas famílias, argumentou a organização.

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