O governo do Canadá aprovou um pacote humanitário de US$90 milhões destinado à Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), com o objetivo de “ajudar na construção de um caminho para a paz e prosperidade no Oriente Médio”.
“Karina Gould, Ministra de Desenvolvimento Internacional, anunciou a manutenção do apoio canadense em até US$90 milhões ao longo de três anos, aos refugiados palestinos”, declarou um comunicado de imprensa do governo, na véspera de Natal.
“Este apoio ajudará na resposta às necessidades cada vez mais urgentes dos refugiados palestinos vulneráveis, nas cinco áreas de operação da UNRWA – isto é, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Síria, Líbano e Jordânia”, prosseguiu a nota.
Gould destacou ainda que as necessidades dos refugiados palestinos são “inegáveis”, sobretudo durante a pandemia de coronavírus.
“[Os refugiados] enfrentam altas taxas de pobreza, insegurança alimentar e desemprego”, destacou a ministra. “O apoio canadense à UNRWA é construído sobre nosso compromisso histórico com os palestinos, além de contribuir com a estabilidade na região”.
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Gould afirmou ainda que os recursos do Canadá deverão reforçar os esforços vigentes da UNRWA para preservar os valores e princípios humanitários das Nações Unidas, incluindo a neutralidade de suas agências e operações.
“Tais iniciativas são essenciais para a eficiência de suas operações e para a manutenção do apoio canadense”, concluiu a ministra.
O pacote humanitário foi aprovado em um momento crítico aos refugiados palestinos.
A UNRWA passa por um dos momentos de maior dificuldade em sua história, desde 1949, quando foi estabelecida para prover assistência a 750.000 palestinos expulsos de suas casas por milícias sionistas, via limpeza étnica, durante a Nakba (catástrofe).
Em Gaza, os refugiados são submetidos aos efeitos do cerco militar israelense, imposto há treze anos. Em solo sírio, 91% dos palestinos vivem em situação de miséria. No Líbano, 89% dos palestinos deslocados pela guerra civil síria dependem de ajuda humanitária urgente.
Doações à UNRWA tornaram-se um campo de batalha constante, sob forte campanha israelense para fechar a agência. Israel acredita que sua mera existência mantém viva a questão dos refugiados palestinos, cujo direito de retorno é negado há mais de sete décadas.
Nesta segunda-feira (28), a rede Electronic Intifada citou uma reportagem do jornal francês Le Monde, a qual denunciou o apoio dos Emirados Árabes Unidos aos planos israelenses para encerrar definitivamente o mandato da UNRWA.
Recentemente, o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu alegou que a agência das Nações Unidas é uma “organização que perpetua o problema dos refugiados”.
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Segundo relatos, oficiais emiradenses consideram executar “um plano de ação com o objetivo de desaparecer progressivamente com a agência, sem condicionar o fim das operações a qualquer solução à questão dos refugiados palestinos”.
O artigo observou que tais esforços ajudariam Israel a conquistar seu objetivo de longa data, ao “aniquilar” enfim os direitos legítimos dos refugiados palestinos.