O governo do Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em fim de mandato, votou contra o orçamento da Organização das Nações Unidas (ONU) para questões relativas a Israel e Irã, reportou a rede AFP.
Apenas Israel acompanhou o voto americano. Outros 167 países ratificaram o orçamento de 3,231 bilhões das Nações Unidas, para 2021.
Kelly Craft, embaixadora dos Estados Unidos na ONU, alegou rechaçar o orçamento pois financiaria um evento para comemorar o 21º aniversário da conferência das Nações Unidas sobre o racismo, realizada em 2001, em Durban, África do Sul.
Em apoio a Israel, os Estados Unidos boicotaram a conferência, ao acusá-la de servir a países de maioria islâmica para atacar o estado sionista.
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Craft justificou sua posição à Assembleia Geral ao afirmar: “[Os Estados Unidos] reiteram este voto para deixar claro que mantemos nossos princípios, preservamos o que é certo e jamais aceitaremos um consenso somente por ser consenso”.
Prosseguiu: “Vinte anos depois, não há nada que possamos celebrar ou defender sobre a Declaração de Durban, intoxicada pelo antissemitismo e pela parcialidade contra Israel”.
Os estados-membros da ONU aprovaram separadamente uma resolução – com 106 votos favoráveis, 14 contrários e 44 abstenções –, em apoio aos esforços subsequentes a Durban. Estados Unidos e Israel, entre outras potências ocidentais, como Reino Unido, França e Alemanha, votaram contra.
Segundo a AFP, Craft também reclamou da falta de apoio da ONU à decisão americana de impor maiores sanções ao Irã, após Trump revogar unilateralmente o acordo nuclear assinado por seu antecessor, Barack Obama.
“Não encontramos conforto algum, com base no número de nações que votam conosco, sobretudo quando a maioria encontra-se na posição incômoda de subscrever o terrorismo, o caos e o conflito”, declarou Craft, ao referir-se às sanções indeferidas pela comunidade internacional.
Contudo, Craft destacou que o voto americano não altera em nada a contribuição do país à ONU, incluindo 25% destinados a missões de paz e cerca de US$9 bilhões anuais a iniciativas humanitárias.
Segundo a AFP, espera-se que o presidente eleito Joe Biden busque um relacionamento de maior cooperação com as Nações Unidas, incluindo ao reverter a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS), acusada por Trump de ser responsável pela pandemia de covid-19.
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