O site oficial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) usa um mapa que mostra o Marrocos incluído na região do Saara Ocidental.
A publicação do mapa “indiviso” de Marrocos fazia parte de um comunicado de imprensa sobre o Programa de Aprimoramento da Educação de Defesa (DEEP) da aliança militar, com o reino sendo uma das 16 “Nações Parceiras”.
A mudança parece ter ocorrido um dia depois que o embaixador dos Estados Unidos no Marrocos, David Fischer, revelou o novo mapa oficial do Marrocos em seu país, que inclui a região contestada, e segue uma decisão anterior do governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em reconhecer as reivindicações territoriais de Marrocos e apoiar seu “Plano de Autonomia” sobre o Saara Ocidental em troca da normalização das relações de Rabat com Israel.
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O meio de comunicação marroquino Le360.ma descreveu o desenvolvimento como “um novo tapa na cara dos inimigos da integridade territorial do Reino”, com a publicação do mapa da OTAN que confirma “a evidência histórica da soberania do Reino sobre as províncias do Saara”.
"Morocco’s treatment of the Sahrawis is in some ways like Israel’s treatment of the Palestinians. Over the years Morocco has used subsidies and tax breaks to convince thousands of its people to move to Western Sahara in an effort to cement its control." https://t.co/qKy6ZUyJ8I pic.twitter.com/J6tWYUMARk
— Kenneth Roth (@KenRoth) December 31, 2020
De acordo com o mapa oficial da ONU, o Saara Ocidental é retratado como um território disputado. Ex-colônia espanhola, o Saara Ocidental foi anexado pelo Marrocos e pela Mauritânia em 1975. Um ano depois, a Frente Polisário proclamou a República Árabe Sahrawi Democrática, com um governo no exílio baseado na Argélia. Embora a Mauritânia tenha retirado suas forças em 1979, o Marrocos se recusou a fazer o mesmo e sustentou que o Saara Ocidental é parte integrante de seu reino.
Na semana passada, o Diretor Executivo da Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth, afirmou que o Marrocos implementa os mesmos métodos usados pelas forças de ocupação israelenses contra os palestinos, na tentativa de consolidar seu controle sobre o Saara Ocidental. Dias antes, as autoridades marroquinas expressaram indignação com a posição da HRW na região, que foi descrita como promotora de um “discurso político hostil à integridade territorial do Reino de Marrocos”.
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