Imagens de um menino iemenita paralisado e severamente desnutrido circularam nas redes sociais e voltaram a destacar a dimensão do custo humanitário imposto pela guerra saudita, com apoio dos Estados Unidos, que aproxima-se de seu sexto ano consecutivo no Iêmen.
Nesta terça-feira (5), uma reportagem da Reuters revelou que o menino, com apenas 7 quilogramas, mal sobreviveu à jornada de sua família para levá-lo a um hospital na capital Sanaa, após deixarem a província setentrional de Al-Jawf.
A rota, com cerca de 170 quilômetros de extensão, inclui postos de controle militares e estradas danificadas pela guerra.
“Ele estava quase morto quando chegou aqui. Graças a Deus, conseguimos fazer todo o necessário e ele está melhorando. Ele sofre de paralisia cerebral e severa desnutrição”, declarou Rageh Mohammed, médico supervisor da ala para pacientes desnutridos do hospital al-Sabeen, em Sanaa.
A família do menino, porém, não pode pagar por seus remédios ou tratamento; portanto, depende de doações.
Ainda assim, trata-se de apenas uma das muitas crianças que sofrem de desnutrição e doenças graves devido à guerra, que escalou em 2015, após a intervenção da Arábia Saudita e países aliados.
Até então, o conflito resultou em mais de 100.000 mortos e levou o Iêmen a uma verdadeira epidemia de fome, agravada pela pandemia de coronavírus, além de enchentes, pragas nas plantações e queda significativa no envio de recursos humanitários, em 2020.
Rageh Mohammed afirmou ainda que os casos de desnutrição aumentam dia após dia e que a situação de miséria força os pais a recorrerem a doações e ajuda internacional urgente para cuidar de suas crianças doentes.
Estima-se que 80% da população iemenita dependa de assistência humanitária para sobreviver. Diante deste quadro, a ONU descreveu reiteradamente a conjuntura no Iêmen como a pior crise humanitária no mundo.
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