Neste domingo (10), Gebran Bassil, líder do Movimento Patriótico Livre, maior partido político cristão do Líbano, descartou a possibilidade de juntar-se ao novo governo de Saad Hariri, designado premiê libanês, reportou a agência Reuters.
A posição de Bassil representa um novo obstáculo aos esforços instituídos para superar a paralisia política no Líbano.
A elite política libanesa vive hoje um impasse para compor um novo quadro ministerial, desde a renúncia do governo antecessor, após a enorme explosão no porto de Beirute, em 4 de agosto. Desde então, o país permanece à deriva enquanto afunda cada vez mais na crise econômica.
Hariri, veterano político sunita, foi nomeado primeiro-ministro pela quarta vez em outubro, ao prometer formar um gabinete técnico para executar as reformas postas como pré-condição para obter qualquer ajuda internacional.
Entretanto, Bassil, genro do Presidente Michel Aoun, declarou na televisão que seu partido não fará parte da administração de Hariri, pois o premiê insiste em escolher os ministros.
“Não confiamos em Hariri sozinho para conduzir as reformas no Líbano”, afirmou Bassil. “Em resumo, não queremos participar de seu governo”.
O sistema político libanês requer que os oficiais de governo sejam escolhidos entre todo o espectro religioso presente no país, concedendo efetivamente poder de veto a partidos sectários, diante da escolha ministerial.
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Bassil tornou-se alvo de sanções dos Estados Unidos, em novembro último, acusado de corrupção e laços com o grupo paramilitar xiita Hezbollah, partido mais poderoso do Líbano e forte aliado do Irã. O político cristão, contudo, nega as alegações.
Segundo Bassil, Hariri não demonstra seriedade sobre a formação do governo: “Toda vez que se encontra com o presidente, leva uma lista diferente. Alguém que faz isso quer realmente compor um governo? Ou quer apenas perder tempo?”
O Líbano enfrenta uma profunda crise econômica e fiscal, considerada a pior desde a guerra civil no país, entre 1975 e 1990. O colapso financeiro devastou o valor da moeda nacional, espalhou a pobreza e forçou um calote da dívida externa.