Jornalistas na Síria tentam documentar crimes cometidos pelo regime do presidente Bashar al-Assad, mas são rotineiramente assassinados ou feridos no cumprimento do dever, reportou a agência Anadolu.
O país árabe vivencia uma brutal guerra civil desde 2011, quando o governo de Assad decidiu reprimir com violência protestos por democracia.
Abdulkadir Bekri, jornalista independente, começou a cobrir manifestações pacíficas em Idlib, noroeste da Síria, ainda em 2011. Desde então, testemunhou bombardeios, deslocamento em massa de civis e as persistentes angústias da população.
Bekri relata que foi atingido por um ataque químico executado pelo regime contra Khan Shaykhun, em abril de 2017.
“Fomos ao local documentar o ataque… era gás sarin e mesmo apenas seis segundos no local foram insuportáveis”, declarou em entrevista à Anadolu. “Primeiro, meu amigo Abed Kantar sentiu os efeitos. Após levá-lo ao hospital, fui internado também e fiquei inconsciente na UTI por dois dias. Minha família me contou que eu convulsionava”.
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Segundo Bekri, profissionais de mídia que tentavam documentar a situação em campo mantinham-se sob grave ameaça de morte. Porém, reiterou que continuarão a expor o regime de Assad.
Saif Abdullah, jornalista freelancer na cidade de Hama, que feriu sua perna enquanto trabalhava, denunciou que muitos jornalistas tornaram-se alvos de agressões e prisões, logo no início da guerra civil. Hama foi bombardeada intensivamente em 2017.
“Nosso amigo Abu Yazid morreu. Eu e três amigos meus ficamos feridos”, declarou Abdullah. “O ferimento marcou negativamente tanto minha vida pessoal quanto profissional”.
Centenas de milhares de pessoas foram mortas, além de milhões de refugiados e deslocados internos, devido ao conflito na Síria, ainda em curso.
709 jornalistas mortos, 1.571 feridos
Ao menos 709 profissionais de mídia foram mortos desde março de 2011 até então, 551 dos quais executados por forças do regime, segundo a Rede Síria de Direitos Humanos.
Nove dos repórteres mortos eram estrangeiros, além de 1.571 feridos em campo, neste período. Dentre os 1.183 profissionais de mídia detidos, 427 ainda esperam por sua soltura.
Quatro jornalistas associados à agência oficial turca Anadolu também perderam suas vidas.
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