O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou, na última segunda (11), que Washington designará o movimento Houthi do Iêmen, conhecido como Ansarallah, como um grupo terrorista estrangeiro.
“Também pretendo designar três dos líderes de Ansarallahs, Abdul Malik al-Houthi, Abd al-Khaliq Badr al-Din al-Houthi e Abdullah Yahya al Hakim, como terroristas globais especialmente designados”, disse Pompeo em um comunicado.
Pompeo afirmou que o Departamento de Estado notificará o Congresso de sua intenção, embora ainda possam bloquear a decisão que pode colocar os houthis na lista restrita um dia antes da posse do presidente eleito Joe Biden, em 20 de janeiro. Em novembro, foi relatado que o presidente dos EUA, Donald Trump, planejava adicionar os houthis à lista de grupos terroristas dos EUA.
“As designações têm como objetivo responsabilizar Ansarallah por seus atos terroristas, incluindo ataques transfronteiriços que ameaçam populações civis, infraestrutura e navegação comercial”, explicou. Pompeo queria acelerar a ação, de acordo com uma fonte diplomática, como parte de uma “política de terra arrasada”, enquanto o governo se prepara para abrir caminho para o próximo governo democrata.
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O movimento Houthi desempenha um papel fundamental no governo com base na capital Sanaa, com a maioria das áreas densamente povoadas do país sob seu controle, e grupos humanitários já alertaram contra rotular o movimento como uma organização terrorista, argumentando que isso prejudicará ainda mais a ajuda esforços em meio ao risco crescente de fome causado pela guerra de quase seis anos e bloqueio travado pela coalizão liderada pelos sauditas.
Um comunicado de imprensa emitido hoje pela Save the Children alertou contra a designação e argumentou que “ameaçaria diretamente o fornecimento de alimentos, combustível e remédios que salvam vidas”.
“Atores humanitários vêm alertando há semanas que as consequências dessa decisão podem ser catastróficas para inúmeras crianças e suas famílias no Iêmen que mal sobrevivem”, disse Janti Soeripto, presidente e CEO da organização.
O Secretário de Estado reconheceu essas preocupações em nota à imprensa, destacando: “Estamos planejando implementar medidas para reduzir seu impacto sobre certas atividades humanitárias e importações para o Iêmen”.
Vários ex-diplomatas americanos e funcionários do Departamento de Estado também expressaram reservas quanto à medida, que seria “profundamente prejudicial” à segurança nacional dos Estados Unidos. Em uma carta enviada na última segunda (11) a Pompeo, 20 ex-altos funcionários – incluindo todos os ex-embaixadores dos Estados Unidos vivos no Iêmen – pediram ao governo Trump que “abandonasse os planos” que poderiam minar a “credibilidade dos programas e políticas de contraterrorismo dos EUA”.
“Para ser claro, não temos simpatia pelo movimento Houthi, nem estamos tolerando suas ações”, escreveram os signatários.
“Dito isso, não acreditamos que o movimento Houthi atenda à definição de uma Organização Terrorista Estrangeira, nem acreditamos que a designação irá promover os interesses de segurança nacional dos EUA.”