O Líbano anunciou maiores restrições a seu plano de lockdown para contenção da onda recente de coronavírus, ao introduzir um toque de recolher de 24 horas a partir desta quinta-feira (14), após o número de infecções levar o sistema de saúde à beira do colapso.
As informações são da agência Reuters.
O toque de recolher integral começa às 5h da manhã de Beirute de quinta-feira (03h00 GMT) e termina no dia 25 de janeiro, anunciou em nota o Conselho Supremo de Defesa do país.
Na última semana, o Líbano ordenou lockdown de três semanas até 2 de fevereiro, incluindo toque de recolher entre as 18h e 5h da manhã. Contudo, observou a urgência de medidas mais restritivas, devido à falta de leitos a pacientes em estado grave.
“Vemos agora cenas horríveis de cidadãos que aguardam em frente aos hospitais por uma cadeira ou cama”, declarou o Presidente Michel Aoun.
As novas medidas incluem ainda procedimentos mais rigorosos nos aeroportos para passageiros oriundos das cidades do Cairo (Egito), Addis Ababa (Etiópia), Bagdá (Iraque), Istambul e Adana (Turquia), como quarentena de sete dias em um hotel selecionado.
Outros turistas têm de permanecer em quarentena por 72 horas.
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O tráfego aéreo também será reduzido a 20% da capacidade normal e supermercados serão restritos ao serviço de delivery.
Nesta segunda-feira (11), a antecipação por medidas mais rígidas levou a prateleiras vazias nos supermercados do país, à medida que muitos libaneses aguardavam em longas filas para estocar itens essenciais.
O Líbano registrou 3.743 novas infecções por covid-19 somente no domingo, com um total de 219.296 casos e 1.606 mortes, desde 21 de fevereiro de 2020.
Devido à baixa adesão ao distanciamento social e outras medidas preventivas, o governo anunciou receios de aumento significativo nos casos após as festas de fim de ano. O número de novos casos diários de fato atingiu o recorde de 5.440 infecções na sexta-feira (8).
“Infelizmente, estamos diante de uma situação de saúde assustadora”, declarou Hassan Diab, primeiro-ministro em exercício. “A pandemia de covid-19 está fora de controle devido à teimosia das pessoas e sua rebeldia contra medidas que tomamos para protegê-las”.
O lockdown enfrenta resistência perante temores de aumento no desemprego, inflação e pobreza, embora a devastadora crise financeira do Líbano preceda a pandemia.
Não obstante, o colapso fiscal levou à desvalorização recorde da moeda libanesa, além de bancos paralisados e congelamento da poupança de cidadãos no país e no exterior.
A oferta de suprimentos médicos também minguou em todo o território libanês, devido à crescente escassez de dólares.