Os Estados Unidos recolocaram Cuba na lista dos estados patrocinadores do terrorismo, o anúncio foi feito apenas nove dias antes da saída de Donald Trump do governo. A medida implica em mais sanções contra a ilha e poderá dificultar os planos do presidente eleito Joe Biden de retomar as relações bilaterais com o país.
Os países incluídos na lista são impedidos de receber empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de vender armamentos. Além de Cuba, a lista é composta por Coreia do Norte, Irã, Sudão e Síria. Em contrapartida, o Sudão foi retirado da lista em dezembro após ter normalizado as relações com Israel.
Cuba saiu da lista durante o governo de Barack Obama, com Biden como vice, por considerar o esforço americano de isolar a ilha um fracasso. O democrata começou a normalizar as relações entre Washington e Havana em 2015, mas a política foi revertida com o governo do republicano Donald Trump.
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Em comunicado do Departamento de Estado dos EUA , assinado pelo chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, Cuba voltou à lista por “apoiar repetidamente atos de terrorismo internacional na concessão de abrigo seguro a terroristas.”. Afirmando que o governo cubano teria alimentado, abrigado e fornecido cuidados médicos para “assassinos, fabricantes de bombas e sequestradores, enquanto muitos cubanos passam fome, ficam sem teto e sem medicamentos básicos”.
O texto ainda afirma que o regime cubano “se envolve em uma série de comportamentos malignos” na região, citando que o apoio ao regime de Nicolás Maduro permitiu a operação de organizações terroristas na Venezuela.
Em seu Twitter, Pompeu plublicou que “o contínuo apoio de Cuba ao terrorismo no hemisfério ocidental precisa ser freado.” e voltou a descrever o país como um regime de “comportamentos malignos”.
Cuba’s continued support for terrorism in the Western Hemisphere must be stopped. Today the United States is returning Cuba to the State Sponsors of Terrorism list to hold the Castro regime accountable for its malign behavior.
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) January 11, 2021
O anúncio pode ser interpretado como uma última tentativa republicana de dificultar as tentativas de Joe Biden de reaproximação com a ilha. O futuro governo tomará posse em 20 de janeiro, mas Antony Blinken, indicado como sucessor de Pompeo, precisa realizar uma revisão formal antes de retirar Cuba da lista, processo que pode demorar meses.
O novo presidente do Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara dos Representantes, Gregory Meeks, declarou estar indignado que “Donald Trump esteja designando Cuba como patrocinador estatal do terrorismo menos de uma semana depois de incitar um ataque terrorista doméstico no Capitólio dos EUA. A hipocrisia do presidente Trump e do secretário Pompeo é impressionante, mas não surpreendente.”
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Ele também afirma que por quatro anos a política de Trump em relação a Cuba se concentrou em prejudicar o povo cubano, “desde reduzir drasticamente remessas em meio a uma pandemia até limitar a capacidade dos americanos de viajarem para a ilha.” Ele alega que Trump sempre viu a ilha como um futebol político, sem consideração pelo sofrimento de seu povo.
Meeks também destaca ser essencial que a lista seja usada judiciosamente para manter a sua seriedade e integridade e que um país nunca deve ser adicionado a menos que atenda às exigências legais. Segundo ele, a reversão desta “falha política” deve ser adicionada à longa lista de afazeres que Biden terá quando assumir o cargo.
No Twitter, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, também condenou a “classificação cínica e hipócrita de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo”, e que a ação é um oportunismo político reconhecido por “todos que estão realmente preocupados com o flagelo do terrorismo e suas vítimas”.
We condemn the US announced hypocritical and cynical designation of #Cuba as a State sponsoring terrorism.
The US political opportunism is recognized by those who are honestly concerned about the scourge of terrorism and its victims.
— Bruno Rodríguez P (@BrunoRguezP) January 11, 2021
Além do mais, twittou que o anúncio é um “ato soberbo de um governo desacreditado e moralmente falido que incita à insurreição em seu próprio país”, referindo-se também à invasão ao congresso americano. A motivação verdadeira, segundo ele, é impor novos obstáculos a qualquer perspectiva de recuperação nas relações bilaterais.
El anuncio del Sec Pompeo es un acto soberbio de un gob desprestigiado, en bancarrota moral q incitó a la insurrección en su propio país.
La verdadera motivación d esta acción es imponer obstáculos adicionales a cualquier perspectiva d recuperación en las relaciones bilaterales.
— Bruno Rodríguez P (@BrunoRguezP) January 12, 2021
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