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Reconciliação no Golfo pode ajudar a solucionar problemas regionais

Emir do Kuwait Nawaf al-Ahmad al-Jaber al-Sabah (segundo à direita) é recebido por Mohammed bin Salman (à direita), às vésperas da 41ª Cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) em Al-Ula, Arábia Saudita, 5 de janeiro de 2021 [Conselho Real da Arábia Saudita/Agência Anadolu]
Emir do Kuwait Nawaf al-Ahmad al-Jaber al-Sabah (segundo à direita) é recebido por Mohammed bin Salman (à direita), às vésperas da 41ª Cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) em Al-Ula, Arábia Saudita, 5 de janeiro de 2021 [Conselho Real da Arábia Saudita/Agência Anadolu]

Segundo qualquer prerrogativa, era necessário aos estados do Golfo reorganizar suas relações regionais e internacionais, dado que o conflito os levou à exaustão com pouco ou nenhum benefício. Trata-se essencialmente de uma única família e quando ocorre confronto entre familiares, todos são prejudicados. Apenas seus inimigos se beneficiam deste conflito, ao passo que procuram aprofundar os traumas e as suspeitas entre pessoas próximas. Os familiares são levados a crer que não têm qualquer forma de proteger a si mesmos senão ao abraçar forasteiros estranhos, contar com suas promessas e acreditar em suas mentiras e acusações. Esta é a base sobre a qual muitas políticas regionais e internacionais são efetivamente adotadas.

A região do Golfo não representa apenas poços de petróleo, como muitos pensam. Seu povo é parte de uma nação maior e de uma história antiga. Quando esta nação é exposta a riscos, os países do Golfo têm de exercer um papel claro em reduzir ameaças. Portanto, o povo do Golfo e toda a região sempre foi parte essencial da luta estratégica em curso.

Não há dúvida de que os conflitos que remetem à década de 1970, em particular, afetaram negativamente o povo e prejudicaram extensivamente seus interesses individuais. Tais disputas impuseram riscos às próprias fundações da existência coletiva na região, em uma série de circunstâncias difíceis e complexas. É por isso que a recente cúpula do Golfo representou um importante passo adiante, para virar a página e não olhar para trás, dado que fazê-lo apenas abre feridas e não as cura.

O fim da disputa no Golfo [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

O fim da disputa no Golfo [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

A disputa do Golfo, que escalou em 2017, afetou toda a região. Seus inimigos perceberam tais fissuras há muito tempo e trabalharam para enfraquecer a unidade do mundo árabe. Com a reconciliação em vigor, a esperança agora é reconstruir a confiança em torno de uma visão unitária para a região. Todos devem proteger uns aos outros, um objetivo possível, caso exercido com plena honestidade e vontade política, a fim de tornar o Conselho de Cooperação do Golfo uma entidade influente novamente.

Caso seja solucionado o problema no Golfo, então há esperança ainda para outras questões cruciais a toda a região; por exemplo, Palestina e Líbia. O país norte-africano sofre há quase uma década perante conflitos em aberto. Sob o domínio do falecido ditador Muammar Gaddafi, as relações com o Golfo eram difíceis, em franco detrimento de interesses comuns. Quando foi deposto e morto, os líbios esperavam florescer uma nova era de democracia, liberdade e independência. Nada disso materializou-se de imediato, devido a divergências sobre o compartilhamento de poder e recursos naturais do país. A devastadora guerra civil ainda ruge, com apoios estrangeiros a ambos os lados, incluindo milícias e tropas em campo, cada qual com interesses e objetivos próprios. Centenas de pessoas foram mortas e bilhões de dólares foram desperdiçados, mas a Líbia não vislumbra solução alguma.

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A reforma no Golfo pode ajudar com o processo na Líbia, a fim de restaurar a estabilidade regional. A vizinha Tunísia também pode beneficiar-se. Apesar de seus graves problemas econômicos, caso a Líbia se estabilize, dezenas de milhares de trabalhadores tunisianos terão garantido emprego, com um efeito colateral à sua própria economia. Sobretudo, os esforços de reconstrução necessários à Líbia poderão representar um verdadeiro impulso à mão de obra de ambos os países. Centenas de empreiteiras tunisianas também terão vantagem. Reconstruir a cooperação vital entre Líbia e Tunísia consequentemente entornará na Argélia, ao permitir aos três países abordar conjuntamente questões de segurança e combater atividades terroristas com maior confiança e consistência. Tudo isso poderá beneficiar ainda a região subsaariana e até mesmo a Europa. Estabilidade na Líbia significa estabilidade na Tunísia, porque a Líbia é o pulmão proverbial de seu país vizinho.

O mundo árabe é uma área vasta em termos geográficos, culturais, econômicos e políticos, dividida em estados-nação. Quando apenas um destes se fere, o todo sente a dor. Portanto, a reconciliação no Golfo está fadada a impactar uma série de países e suas questões complexas. O importante agora é que os olhos estejam atentos, que as intenções sejam sinceras e que as prioridades sejam devidamente rearranjadas. Caso assim ocorra, tudo é possível.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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