Executivos do Golfo alertaram para uma “falha de credibilidade”, após a Arábia Saudita anunciar seu compromisso com novos investimentos domésticos, após a crise dupla da queda nos preços de petróleo e da pandemia do coronavírus.

Os recursos domésticos inseridos no mercado deverão aumentar em até US$40 bilhões anualmente, ao longo dos próximos cinco anos, declarou Yasir al-Rumayyan, governador do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita.

Dias atrás, Riad anunciou seu mais ambicioso projeto, até então: a criação de uma cidade futurista, com zero emissão de carbono, em uma faixa de 170 km de extensão, na costa de Neom, cartão-postal das ambições do príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman.

Segundo as informações, o futuro fundo de investimentos terá mandato duplo, para desenvolver a economia nacional e investir no exterior. Mais de trinta empresas já foram estabelecidas pelo Fundo de Investimento Público, no reino.

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“Temos 150 bilhões de riyals [US$40 bilhões] que podemos empregar ainda este ano e isso será aplicado como capital próprio”, declarou al-Rumayyan ao jornal Financial Times. “É claro que nem tudo será destinado a Neom, mas temos um plano de ação em direção a 2025”.

Analistas, contudo, questionaram como a monarquia será capaz de financiar os esquemas grandiosos do príncipe herdeiro, parte fundamental de seu plano intitulado Visão 2030, para modernizar a monarquia e atrair recursos do exterior.

“É bastante difícil ver como chegará o dinheiro, não apenas à cidade de Neom, mas a todos os outros megaprojetos e ambições que possuem”, ponderou um empresário anônimo que opera na região do Golfo, em entrevista ao periódico financeiro.

Prosseguiu: “Caso obtenham metade do que esperam, ótimo. Até então, porém, há uma falha de credibilidade entre o que se diz e o que se faz … a menos que haja um pouco mais do que somente um vídeo publicitário, não haverá muita gente que os levará a sério”.

Apesar das ambições de aumentar o investimento doméstico em 20% dos recursos do fundo soberano saudita, ainda é preciso maior inserção de capital estrangeiro ao reino. Nos últimos quatro anos, os investimentos internacionais aumentaram em menos de 5%.

Ao tentar explicar a lacuna entre realidade e promessa, al-Rumayyan afirmou: “A taxa permanecerá entre 20-30% internacionalmente. Mas lembrem-se, nossa meta é aumentar recursos de US$400 bilhões a US$2 trilhões em 2030. Não vamos recuar de nossa estratégia”.

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