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Irã avança com programa nuclear, é urgente retomar o acordo, alerta França

Mísseis registrados em uma base subterrânea construída na costa do Golfo Pérsico, em Hormozgan, sul do Irã, 8 de janeiro de 2021 [Sepahnews/Agência Anadolu]
Mísseis registrados em uma base subterrânea construída na costa do Golfo Pérsico, em Hormozgan, sul do Irã, 8 de janeiro de 2021 [Sepahnews/Agência Anadolu]

O Irã está no processo de aumentar sua capacidade militar nuclear, de modo que é urgente que Teerã e Washington retomem o acordo assinado em 2015, afirmou o Ministro de Relações Exteriores da França Jean-Yves Le Drian, em entrevista divulgada no sábado (16).

As informações são da agência Reuters.

No início de janeiro, o Irã avançou com planos para enriquecer urânio a 20%, na usina subterrânea de Fordow. Trata-se do nível alcançado por Teerã antes de assinar o acordo com potências globais, para conter ambições atômicas e suspender sanções.

Em 2018, o então Presidente dos Estados Unidos Donald Trump revogou unilateralmente o pacto internacional e retomou sanções contra a república islâmica. Desde então, Teerã gradativamente rompeu com termos do tratado.

As subsequentes ações de Trump podem complicar esforços do presidente eleito Joe Biden para reaver o acordo, conforme promessa de campanha, alertam analistas e observadores.

Após uma transição conturbada e ataques da extrema-direita ao parlamento americano, o democrata Joe Biden assume posse como Presidente dos Estados Unidos na próxima quarta-feira (20).

LEIA: Israel elabora planos de ataque contra o programa nuclear iraniano

“O governo Trump escolheu o que chamou de campanha de máxima pressão contra o Irã. O resultado desta estratégia foi apenas o aumento nos riscos e nas ameaças”, declarou Le Drian ao periódico francês Journal du Dimanche.

Prosseguiu: “Isso tem de acabar porque o Irã – e digo claramente – está no processo de adquirir armas nucleares”.

O principal objetivo do acordo era estender o tempo necessário para que Teerã produzisse material suficiente, sob fissão nuclear, para fabricar uma bomba atômica, caso decidisse fazê-lo, de dois ou três meses para ao menos um ano.

Diplomatas ocidentais alertam que os recuos iranianos diante do acordo já reduziram o “tempo de fuga” para menos de um ano.

Teerã nega qualquer ambição de uso militar para seu programa nuclear.

Às vésperas de eleições presidenciais no Irã, previstas para junho, Le Drian afirmou que é urgente “informar os iranianos que basta” e restituir o acordo entre Washington e Teerã.

Biden prometeu retornar os Estados Unidos ao pacto, caso o governo iraniano retome o pleno cumprimento dos termos acordados. O Irã reivindica primeiro a suspensão das sanções de Trump, para então reverter seus recentes avanços nucleares.

Contudo, Le Drian alegou que o retorno de ambos os lados não é suficiente: “Duras discussões serão necessárias, concernentes à proliferação balística e às ações iranianas para desestabilizar seus vizinhos na região”.

LEIA: Irã lança mísseis de longo alcance no Oceano Índico em exercício militar

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