O principal líder cristão do Líbano, o patriarca Beshara al-Rais, exortou o Presidente Michel Aoun a marcar uma reunião de reconciliação com o premiê designado Saad Hariri, a fim de compor um gabinete de governo e encerrar o impasse político no país.
As informações são da agência Reuters.
Até então, as facções políticas do país não conseguiram chegar a acordo algum sobre um novo governo, desde a renúncia do antecessor, logo após a enorme explosão no porto de Beirute, em 4 de agosto, deixando o Líbano à deriva enquanto naufraga no colapso econômico.
Aoun e Hariri trocaram acusações pelo impasse desde dezembro, após concluíram negociações sem êxito, mas as tensões entre ambos chegaram a um novo ápice na última semana, após o vazamento de um vídeo no qual o presidente chamou o premiê de “mentiroso”.
Em seu sermão de domingo, o patriarca maronita descreveu a situação no Líbano como “trágica” e alegou que não há desculpas para postergar um novo governo. “Esperamos que Sua Excelência, o presidente, tome a iniciativa e convide o premiê designado a uma reunião”.
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O veterano sunita Hariri foi nomeado primeiro-ministro pela quarta vez, em outubro, com a promessa de compor um ministério de especialistas, a fim de instituir as reformas necessárias à obtenção de ajuda financeira internacional.
Contudo, desde então, divergências políticas protelaram o processo.
No vídeo que viralizou nas redes sociais, na última semana, Aoun conversa com o primeiro-ministro em exercício Hassan Diab sobre Hariri. “Ele mente. Não há formação de governo”, afirmou o presidente libanês.
O gabinete presidencial, porém, alegou que o diálogo foi tirado de contexto.
Em resposta, Hariri tuitou um verso da Bíblia sobre sabedoria e pecado.
Não obstante, a hashtag em árabe “Saad, o Mentiroso” viralizou no Twitter.
A disputa política entre Aoun e Hariri escalou a despeito da grave crise financeira ainda em curso no Líbano, que resultou na desvalorização da moeda nacional em até 80%, além de desemprego e miséria por todo o país.
O sistema de saúde do Líbano também enfrenta dificuldades, sob pressão devido a um grave pico nos casos de coronavírus, após as festas de fim de ano. Há falta de insumos médicos importados, devido à severa escassez de dólares.
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