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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Para além dos decretos presidenciais, haverá eleições na Palestina?

Palestino entra no escritório da Comissão Central Eleitoral na Cidade de Gaza, em 17 de janeiro de 2021 [Mahmud Hams/AFP/Getty Images]
Palestino entra no escritório da Comissão Central Eleitoral na Cidade de Gaza, em 17 de janeiro de 2021 [Mahmud Hams/AFP/Getty Images]

Um acontecimento positivo sucedeu-se na Palestina ocupada, na forma de decretos presidenciais emitidos pelo líder da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas para realizar eleições legislativas, executivas e para o Conselho Nacional em maio, julho e agosto, ainda neste ano. O anúncio ocorreu após o Hamas recuar de sua pressão para conduzir as eleições simultaneamente e concordar com o modelo consecutivo.

O Hamas não parece impor mais nenhum obstáculo à rota da democracia, mas seus objetivos ainda preocupam a ocupação de Israel. A Autoridade Palestina, de sua parte, detém apreensão de uma eventual derrota de seu principal partido, o Fatah.

Dúvidas prevalecem em Ramallah sobre a própria realização das eleições palestinas, a despeito dos decretos presidenciais promulgados até então. Há receios de que o Hamas tenha uma carta na manga e que o Fatah não concorde com uma lista eleitoral unitária, dada as divergências entre Mohammad Dahlan e outras figuras de alto escalão.

No momento, o que sabemos ao certo é que a questão eleitoral será uma montanha-russa, à medida que a imprensa dê atenção a ela. Neste meio tempo, os pontos essenciais da questão palestina são ignorados e absolutamente esquecidos.

Há uma verdadeira pressão europeia para que Abbas conduza eleições. Aparentemente, o líder da Autoridade Palestina emitiu seus decretos a fim de atenuar tais pressões e mostrar disposição às vésperas da posse do presidente americano Joe Biden, em Washington, na quarta-feira (20). Os palestinos acreditam que Abbas contava com a rejeição do Hamas diante do modelo de pleitos consecutivos, o que não aconteceu.

Abbas agora pede aos países da Europa que pressionem Israel para permitir que os palestinos de Jerusalém participem do processo eleitoral. Sua previsão é a recusa israelense, o que supostamente o concederia uma oportunidade para evitar o pleito, além de angariar publicidade gratuita durante o processo de barganha.

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Alguns observadores especulam certa hesitação do Hamas na Cisjordânia em participar das eleições, sobretudo pelo fato da campanha de 2006 ter revelado quem eram seus oficiais e apoiadores, presos em seguida por Israel, assim que as urnas foram fechadas. Além disso, na ocasião, a Autoridade Palestina dissolveu o Conselho Legislativo Palestino, conquistado pelo Hamas. Diante desta conjuntura, a liderança do movimento na Cisjordânia teme a possibilidade de pagar o preço por sua autoridade em Gaza, sobre a qual mantém o controle. Contudo, deseja reposicionar o movimento na Cisjordânia via urna eleitoral, após anos e anos acuado por Israel e pela própria Autoridade Palestina. Portanto, apesar de concordar com o processo democrático sem precondições, não há qualquer certeza de que será efetivamente realizado.

Diferente de Israel, onde a população vai às urnas pela quarta vez em menos de dois anos, os palestinos não são capazes de votar desde 2006. Conversas sobre novas eleições sob a presidência de Abbas – cujo mandato tecnicamente terminou em 2009 – sempre foram mais vazias do que sinceras. Há assim muitas razões para que os palestinos desconfiem das intenções do presidente, já em dúvida após uma série de condições anunciadas e reiteradas. Vale a pergunta: o caos eleitoral de Israel hoje é a Palestina de amanhã?

A mudança de opinião do líder da Autoridade Palestina provavelmente deve-se mais às ameaças de cortes financeiros à sua entidade do que a qualquer anseio honesto para conceder aos palestinos a chance de votar. Entretanto, espera-se que Fatah e Hamas vão adiante e abram negociações sobre os pequenos detalhes do processo eleitoral.

E quem será o candidato do Fatah à presidência? Abbas tem 86 anos e não parece bem de saúde, mas ainda pode indicar a si mesmo para representar o movimento. Por ora, mantém silêncio sobre a questão, enquanto alguns ao seu redor expressam opiniões distintas. Abbas será posto de lado ou permitido sair em paz, conforme seus termos?

Em todo caso, a batalha pela sucessão palestina já começou. É provável que seja tensa e mais e mais combativa conforme nos aproximamos do dia marcado para as eleições presidenciais. Aparentemente, há duros meses à nossa frente.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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