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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

No Amazonas, armas israelenses acima do oxigênio

Divulgação [Foto FAB]
Divulgação [Foto FAB]

Poucos meses antes da tragédia anunciada em Manaus e outros municípios do estado do Amazonas, o governador Wilson Lima focava a morte, não a vida. É o que mostram as últimas aquisições feitas por ele: a compra de armas e equipamentos israelenses com investimentos milionários. E até agora, uma semana após as cenas dramáticas que revelaram o colapso da saúde, seu parceiro sionista não respondeu aos pedidos de ajuda.

Se algo vier em termos de oxigênio – como afirma o também fiel escudeiro de Israel, Jair Bolsonaro, que anunciou igualmente o pedido de “socorro” no dia 15 de janeiro –, será, como sempre, nada além de aid washing (propaganda na busca sionista por “lavar” de ajuda seus crimes contra a humanidade). Só para Israel registrar na foto a entrega de alguns cilindros, enquanto busca ampliar a venda de suas tecnologias da morte.

A possibilidade está aberta: Bolsonaro afirmou que se reuniu no último dia 19 com o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, e que está “quase decidido” o envio de “um avião” – até o momento, a única ajuda internacional que chegou foi da Venezuela.

Como denuncia o portal A Pública, o governo Bolsonaro tinha conhecimento pelo menos dez dias antes do colapso em Manaus e seguiu em sua política genocida em relação à pandemia, que já vitimou fatalmente cerca de 211 mil brasileiros. No Amazonas, são 6.450 mortos – entre os quais, nos últimos dias, três palestinos, devido à falta de oxigênio. Agora, com os holofotes mundiais, Bolsonaro insiste na aliança com o apartheid israelense.

O mesmo foi feito em razão dos incêndios criminosos que Bolsonaro estimulou na Floresta Amazônica em agosto de 2019. Além do aid washing, as queimadas contínuas serviram de justificativa para a instalação de regional da Câmara Brasil-Israel (Bril Chamber) no Amazonas em novembro último, simultaneamente ao evento internacional Amazon Tech, em que o estado sionista apresentou tecnologias ao “monitoramento do desmatamento”, na busca por ampliar suas exportações que sustentam a ocupação na Palestina.

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O alerta feito à época é que estas podem servir ao controle do território pelo agronegócio, extermínio de indígenas, portanto, e grilagem de terras na Amazônia. Expertise não falta a Israel nesse campo, adquirida sobre os corpos palestinos em meio à contínua Nakba (catástrofe), que já dura mais de 72 anos.

Investimentos para a morte

Já à época Manaus prenunciava o colapso na saúde. Em outubro último, aumentavam os casos de Covid-19 na capital e municípios do estado – e a falta de oxigênio iminente era conhecida pelo menos desde novembro, mesmo mês em que acontecia o Amazon Tech, como aponta matéria no jornal O Estado de S. Paulo.

Especialistas alertavam há meses sobre o que estava por vir – e agora atinge também o estado do Pará, também na região Norte, confirmando prognósticos de que a tragédia pode se repetir em outros locais no Brasil.

Enquanto isso, o governador do Amazonas, Wilson Lima, contava com sua polícia civil e militar mais equipada, com 60 fuzis, além de 39 miras holográficas de fabricação israelense, mas sua estrutura de saúde para receber pacientes de Covid-19 desmontada.

Em seu portal, o jornalista Raimundo de Holanda denuncia que essa rota se mantém. Em reportagem de 13 de dezembro, ele revela que o “governador do Amazonas, Wilson Lima, autorizou a Polícia Militar a adquirir junto à empresa Israel Weapon Industries (IWI) Ltd. 14 metralhadoras Negev Ng7, calibre 7,62, para uso em patrulhamento nos rios do Amazonas”. E acrescenta: “As metralhadoras – que vão custar ao bolso do contribuinte 167.600,00 dólares – são consideradas armas de guerra, com taxa de tiro de 700 balas por minuto. Não é preciso falar dos riscos inerentes ao uso do armamento por uma força que tem se metido em conflitos com indígenas e caboclos. Além, é claro, de suspeitas de abusos cometidos em 24 de julho, na região do Rio Abacaxis, no município de Nova Olinda do Norte, e que resultaram na morte de dois policiais, três ribeirinhos, um indígena Munduruku e um suposto traficante – o que levou a  uma intervenção da Polícia Federal no caso.”

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Histórico banhado em sangue

Como explica o movimento BDS Brasil (boicote, desinvestimento e sanções a Israel) em sua página no facebook, a IWI “foi criada ainda antes da Nakba (a catástrofe palestina com a criação do Estado de Israel mediante limpeza étnica), em 1933, como informa em seu site. Tem sua história, portanto, construída sobre corpos palestinos e violação de direitos humanos fundamentais para a colonização em curso”.

Ainda conforme o BDS, a “linha de produtos e acessórios IWI é utilizada pelas Forças de Ocupação de Israel (que o sionismo chama falsamente de Defesa – na sigla em inglês, IDF). Estas reúnem as antes paramilícias que promoveram genocídio em dezenas de aldeias palestinas em 1948 e limpeza étnica em mais de 500 delas. Com a Nakba, foram expulsos violentamente 800 mil palestinos de suas terras, inaugurando a mais longa situação de refúgio da era contemporânea. Hoje são 5 milhões vivendo em campos nos países árabes e milhares na diáspora, impedidos do legítimo direito de retornar as suas terras. Os outros milhões que vivem sob ocupação, apartheid e leis racistas são hoje as ‘cobaias’ ao que a IWI orgulhosamente apresenta em seu site como ‘testes em campo’ – em estreita colaboração com as IDF”.

À reportagem da Ponte, o advogado e ativista de direitos humanos israelense Eitay Mack revelou em setembro último ainda que a IWI é “a maior fábrica israelense de rifles e metralhadoras. Era uma empresa governamental, mas foi privatizada recentemente. Nos anos 1970 e 1980 essa empresa já vendeu armamentos para paramilitares envolvidos nos conflitos na América Central, na Guatemala, El Salvador e também para as juntas militares do Chile e Argentina”.

Além da colaboração com ditaduras, mais recentemente, em outubro de 2019, a IWI teve como comprador o governo genocida de Duterte, que assinou um acordo com Israel “para a entrega de 17 mil armas, incluindo Negevs, para a ‘guerra às drogas’ da polícia filipina, que já deixou 27 mil mortos […]”.

A entrevista à Ponte foi dada no mês de setembro último, em função de ação judicial impetrada em Israel por Mack na busca por barrar a compra pelo governo Doria, em São Paulo, das mesmas armas cuja aquisição foi autorizada por Wilson Lima – objeto de campanha do BDS Brasil. Contra o apartheid e a necropolítica, uma luta pela vida.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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