O Ministério Público em Roma, na quarta-feira, solicitou oficialmente uma ação legal contra quatro oficiais da Agência Nacional de Segurança egípcia acusados pelo assassinato do estudante italiano Giulio Regeni no Cairo, em 2016.
As agências de notícias italianas citaram o Ministério Público afirmando que os quatro oficiais, Major General Tariq Saber, Coronel Aser Kamel Muhammad Ibrahim, Coronel Husam Helmy e Major Ibrahim Abdel Al-Sharif, são acusados de sequestro, conspiração para cometer assassinato e lesão corporal grave
Assaltantes não identificados sequestraram o estudante italiano Giulio Regeni, que na época tinha 28 anos, em janeiro de 2016. Alguns dias depois, o corpo de Regeni foi encontrado mutilado e com sinais de tortura, em um subúrbio do Cairo.
Regeni veio ao Egito para pesquisar sindicatos, assunto considerado pelas autoridades locais como politicamente sensível.
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Os investigadores italianos acusaram os serviços de inteligência egípcios de “torturar Regeni durante dias, queimando partes de seu corpo, dando-lhe pontapés e socos, além de usar uma arma branca e cassetetes antes de matá-lo”. Entretanto, Cairo nega essas acusações.
As autoridades italianas identificaram cinco suspeitos em 2018, que trabalhavam para o Serviço de Inteligência Geral do Egito.
O Ministério Público italiano retirou as acusações contra um dos suspeitos, concluindo que a vítima morreu devido a uma falha respiratória causada por golpes infligidos a ele.
Se o juiz da câmara de pré-julgamento concordar em iniciar o julgamento, este será realizado à revelia, devido à recusa das autoridades egípcias em extraditar os suspeitos.
Em 31 de dezembro, o governo italiano afirmou que a decisão do Ministério Público egípcio de retirar as acusações contra os supostos agentes da Segurança Nacional é “inaceitável”.
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O caso causou tensão entre o Cairo e Roma, pois a Itália acusa as autoridades egípcias de se recusarem a cooperar, e até mesmo de enganar os investigadores italianos.
Entretanto, o Egito comprou duas fragatas da Itália no valor de 1,2 bilhões de euros em junho passado, um sinal de recuperação das relações bilaterais entre os dois países.