O grupo rebelde houthi e o governo iemenita aliado da Arábia Saudita, em guerra há quase seis anos, reiniciaram neste domingo (24) negociações mediadas pela ONU sobre uma eventual troca de prisioneiros, conforme informações da Reuters.
O encontro na Jordânia ocorre alguns dias após Washington designar os houthis, aliado do Irã, como organização terrorista internacional, apesar de alertas da ONU de que a medida poderá prejudicar os esforços de paz e agravar a crise humanitária no Iêmen.
Um avião fretado pelas Nações Unidas carregou quatro oficiais houthis de Sanaa à capital jordaniana Amã, neste sábado (23). O governo iemenita no exílio também enviou quatro representantes, incluindo Mohammad Fadayel, chefe do comitê de prisioneiros.
O objetivo das negociações é libertar 300 prisioneiros, incluindo oficiais de alto escalão como o irmão do Presidente do Iêmen Abd Rabbu Mansour Hadi, cujo governo reconhecido internacionalmente foi deposto pelos houthis, no final de 2014.
“As reuniões começaram na manhã de domingo”, afirmou Ismini Palla, porta-voz do enviado especial da ONU Martin Griffiths, em comentário à agência Reuters. Griffiths deu início à rodada de conversas, reiterou Palla.
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As negociações são parte de uma série de medidas para construir confiança e retomar o diálogo de paz, interrompido após um último encontro na Suécia, em dezembro de 2018, no qual ambas as partes concordaram em trocar 15.000 prisioneiros.
Em 2020, cerca de 1.000 presos foram efetivamente trocados entre o grupo houthi e a coalizão saudita, em guerra desde meados de 2015, quando a monarquia decidiu intervir com ataques aéreos, em favor do presidente aliado no exílio.
Em nota divulgada neste domingo, Griffiths exortou as partes a debater e concordar com nomes “para além das listas apresentadas em Amã, a fim de cumprir seu compromisso de Estocolmo e libertar todos os detentos ligados aos conflitos assim que possível”.
Na sexta-feira (22), a equipe do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden deu início à reavaliação da designação promulgada por seu antecessor, Donald Trump, que entrou em vigor no dia 19 de janeiro, às vésperas da posse do novo governo.
O chefe de negociações dos houthis destacou à Reuters que o grupo não pretende desistir do diálogo sobre a troca de prisioneiros.
O conflito no Iêmen é considerado uma guerra por procuração na região, travada entre Arábia Saudita e Irã, e resultou em mais de 100.000 mortos e na pior crise humanitária do mundo, segundo as Nações Unidas. Milhões de pessoas passam fome.
Os houthis negam ser marionetes de Teerã e alegam combater um sistema corrupto.