Dois irmãos jordanianos foram presos no domingo por espancarem sua irmã até deixá-la coma, em Amã, no mês passado. Os dois foram acusados de tentativa de homicídio e estão sob prisão preventiva por 15 dias.
A mulher, de 20 anos, que não foi identificada pela mídia local, continua inconsciente e não melhorou visivelmente desde sua internação no Hospital Universitário Jordan, em 24 de dezembro. Ela teria sido espancada na cabeça por seus irmãos, de 25 e 26 anos, após a flagrarem conversando com uma pessoa desconhecida ao telefone, informou a Roya News.
Os irmãos a amarraram no banheiro e bateram nela várias vezes na cabeça com um cano de gás sem corte. Sua família, no entanto, disse ao juiz que ela tinha tendência a desmaiar e caiu e bateu com a cabeça enquanto estava sozinha no banheiro.
Nenhum dos dois tem antecedentes criminais. Ambos foram libertados sob fiança, mas foram reconvocados e acusados depois que novas evidências surgiram no sábado. Um relatório forense aponta que a vítima havia recebido os ferimentos fatais de uma série de golpes de um objeto contundente, não uma queda. O relatório acrescentou que a jovem sofreu hematomas em diferentes partes do corpo.
LEIA: Dois jordaniano-americanos são mortos a tiros em Nevada
De acordo com uma fonte judicial citada pelo Jordan Times, um dos outros irmãos da vítima mudou sua versão dos acontecimentos, revelando o papel dos irmãos e levando à sua prisão. “Com base no novo depoimento, o procurador-geral de Amã, Hassan Abdallat, decidiu interrogar seus dois irmãos”, disse a fonte.
As informações sobre o ataque viralizaram nas redes sociais durante o fim de semana. O fato gerou indignação entre os jordanianos e desencadeou apelos por melhor proteção para as pessoas em risco de violência doméstica e seus sobreviventes.
Em 2017, a Human Rights Watch disse que, todos os anos, de 15 a 20 mulheres e meninas na Jordânia são queimadas, espancadas ou esfaqueadas até a morte por membros da família porque se acredita terem transgredido os códigos sociais de “honra”. Em julho passado, um jordaniano matou sua filha, Ahlam, espancando-a até a morte com um tijolo. Uma investigação sobre seu assassinato levou a pedidos de medidas mais duras contra os responsáveis pelos chamados “crimes de honra”, mas pouco mudou.
LEIA: Casos de covid-19 na Jordânia são oito vezes maiores do que os declarados