As autoridades egípcias prenderam, na segunda-feira (25), um cartunista após ele postar um vídeo de tributo ao levante de 2011 no país, no décimo aniversário dos primeiros protestos em massa, informou a Reuters.
O cartunista Ashraf Hamdi foi detido em sua casa no início da manhã para investigação de acusações de uso indevido de sites de mídia social e divulgação de notícias falsas, disseram duas fontes.
Hamdi publicou um pequeno vídeo de desenho animado no Facebook no domingo dedicado aos ‘heróis’ da rua Mohamed Mahmoud no centro do Cairo, onde dezenas de manifestantes foram mortos em confrontos com as forças de segurança em novembro de 2011.
Um porta-voz do Ministério do Interior não foi encontrado para comentar o assunto.
As manifestações que levaram à derrubada do ex-presidente Hosni Mubarak e ajudaram a espalhar uma onda de protestos pela região começaram há uma década, em 25 de janeiro, quando o Egito marca o Dia Nacional da Polícia.
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Ontem, o presidente Abdel Fattah Al-Sisi fez um discurso anual na academia de polícia no Cairo que enfocou a importância da estabilidade e do desenvolvimento, mas fez uma breve referência ao levante.
“Hoje coincide com a celebração egípcia da revolução de 25 de janeiro, uma revolução liderada por jovens sinceros, que aspiram a um futuro e uma realidade melhores”, disse Al-Sisi. “Digo à juventude do Egito que sua nação está olhando para seus braços jovens e esforços verdadeiros para completar o caminho de reforma, construção e desenvolvimento.”
Em 2013, Al-Sisi, como chefe do exército, liderou a derrubada de Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, o primeiro presidente eleito democraticamente do Egito. Al-Sisi tornou-se presidente em 2014 e supervisionou uma ampla repressão à dissidência política.
O presidente e seus apoiadores dizem que as medidas de segurança restauraram a estabilidade após a turbulência pós-levante, no entanto grupos de direitos humanos disseram que as autoridades estão usando alegações de instabilidade para silenciar a oposição e prenderam mais de 60.000 presos políticos sem recurso de representação legal.