Uma importante delegação do Taleban chegou ao Irã para conversas sobre o processo de paz no Afeganistão, liderada pelo vice-líder Mullah Ghani Baradar.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Saeed Khatibzadeh, anunciou hoje: “Essa delegação chegou a Teerã esta manhã com base nos arranjos já feitos e a convite do Ministério das Relações Exteriores da República Islâmica do Irã, e foi recebida por funcionários do Ministério das Relações Exteriores”.
“Durante sua estada em Teerã, a delegação política do Taleban se reunirá com autoridades iranianas, incluindo o respeitado ministro das Relações Exteriores e o enviado especial do Irã para o Afeganistão, e discutirá a tendência de paz no Afeganistão, bem como questões e tópicos relevantes”, disse ele.
Além da atual situação política no Afeganistão e da retirada das tropas dos EUA, a delegação do Taleban também discutirá com o ministro das Relações Exteriores Javad Zarif e o enviado especial a Cabul, Ebrahim Taherian, as relações bilaterais e a situação dos refugiados afegãos.
LEIA: Autoridades dos EUA se reúnem com líderes do Taliban no Catar
Esta será a segunda visita oficial de Mullah Baradar a Teerã nos últimos anos, tendo-se encontrado anteriormente com Zarif em novembro de 2019. Sua visita ocorre em meio à segunda rodada de negociações de paz intra-afegãs na capital do Catar, Doha, embora as negociações até agora tenham dado poucos resultados entre o governo afegão e o Talibã.
Em uma reunião de gabinete na segunda-feira (25), o presidente afegão Ashraf Ghani disse que “um novo capítulo” foi aberto com a nova administração dos EUA do presidente, Joe Biden, que disse que revisará o acordo de paz que seu antecessor Donald Trump fez com o Taleban.
De acordo com Ghani, o Taleban deve cortar seus laços com o Paquistão como um pré-requisito para a paz, embora no início deste mês o Taleban tenha argumentado que a insistência de Ghani em permanecer no poder poderia atrapalhar os esforços de negociação.
“O governo de Ashraf Ghani trouxe nada além de pobreza, miséria, derramamento de sangue, notoriedade e problemas ao Afeganistão”, disse o grupo. No entanto, a ONU estima que o Taleban foi responsável por 45% das mortes e feridos de civis nos primeiros três trimestres do ano passado.
Em uma entrevista ao Tehran Times, o parlamentar iraniano Ahmad Naderi disse acreditar que uma “nova geração” do Taleban esteja emergindo. “Certamente, o Taleban, como muitos outros movimentos, mudou, e a nova geração do movimento é diferente da geração anterior”, disse ele.
“Ao contrário de sua nova geração, a velha geração do Taleban tinha uma forte conexão com a Arábia Saudita que não existe mais”, acrescentou ele, argumentando que os laços com o Paquistão também foram enfraquecidos.
LEIA: Turquia discute manutenção de forças militares na Líbia e Afeganistão