A agência Sahara Press Service (SPS), pertencente à Frente Polisário, reportou que forças militares do movimento bombardearam na noite de sábado (23) a região de Guerguerat, perto da fronteira entre Marrocos e Mauritânia, no Saara Ocidental.
Declarou uma fonte militar: “O exército saarauí lançou quatro foguetes na direção de Guerguerat”.
Os ataques ocorreram contra o perímetro do muro de segurança que separa a área controlada por forças saarauís de postos militares marroquinos, no vasto deserto.
O Marrocos disputa o território do Saara Ocidental com o grupo separatista Frente Polisário, apoiado pela Argélia, desde 1975, após o fim da ocupação espanhola. O impasse deflagrou-se em conflito armado que durou até 1991, quando foi assinado um cessar-fogo.
Rabat propôs autonomia no Saara Ocidental, mas insiste em seu direito de governar a região. A Frente Polisário, porém, reivindica a realização de um referendo para que o povo local tenha a palavra final. A Argélia apoia a proposta e abriga refugiados saarauís.
O cessar-fogo de 1991 chegou ao fim no último ano, após o Marrocos retomar operações militares na travessia de fronteira de Guerguerat, zona neutra entre o território reivindicado pela monarquia e a autodeclarada República Democrática Árabe Saarauí.
A Frente Polisário descreveu as ações marroquinas como provocação.
Brahim Ghali, líder do grupo, afirmou em carta à ONU: “[O Marrocos] prejudica gravemente não apenas o cessar-fogo e acordos militares relacionados, mas também qualquer chance de conquistarmos uma solução pacífica e duradoura sobre a descolonização do Saara Ocidental”.
No último ano, o Marrocos concordou em normalizar laços com Israel, a despeito de sua brutal ocupação sobre os territórios palestinos. Em troca, os Estados Unidos reconheceram a soberania marroquina sobre as áreas disputadas do Saara Ocidental.