Devastada por duas guerras nos anos 1990, Grozny, capital da República da Chechênia, tornou-se conhecida como a “cidade mais destruída da Terra”.
Pelos últimos duzentos anos, os chechenos – grupo étnico de maioria islâmica que habita há séculos as montanhas do Norte do Cáucaso – resistem ao domínio russo, ora com repressão, ora com grau variado de autonomia de fato.
Após o colapso da União Soviética, em 1991, separatistas da República da Chechênia, recentemente criada como parte da Federação Russa, lançaram uma campanha coordenada por sua independência.
A Segunda Guerra da Chechênia, em 1999, acabou com a independência de fato da República de Ichkeria, que havia vencido a Primeira Guerra da Chechênia, e restaurou o controle da Rússia sobre a região.
Grozny foi o epicentro das batalhas. Em 2003, não havia um único edifício na cidade sem algum tipo de dano. Desde então, a capital chechena passou por uma vasta reforma, com um programa de mega reconstrução lançado por Moscou.
Hoje, arranha-céus e prédios luxuosos ocupam os horizontes da metrópole antes em ruínas. Além disso, os minaretes imponentes de uma das maiores mesquitas da Federação Russa impõem-se à paisagem.
![Mesquita Akhmad Kadyrov, conhecida como Coração da Chechênia, em Grozny, 14 de abril de 2021 [STR/AFP/Getty Images]](https://i0.wp.com/www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2021/01/Akhmad-Kadyrov-Mosque.jpg?resize=920%2C613&ssl=1)
Mesquita Akhmad Kadyrov, conhecida como Coração da Chechênia, em Grozny, 14 de abril de 2021 [STR/AFP/Getty Images]
Como muitas estruturas recém construídas na cidade de Grozny, a mesquita recebeu seu nome em homenagem ao primeiro Presidente da Chechênia e pai do atual líder .
A Mesquita Akhmad Kadyrov simboliza o renascimento da cidade e é considerada a jóia da coroa da capital chechena. Segundo residentes, representa a união em torno de uma fé comum, como parte de um complexo arquitetônico islâmico nas margens do Rio Sunzha.
![Forças especiais da Chechênia desfilam em celebração do Dia da Vitória, em frente à Mesquita Akhmad Kadyrov, no centro de Grozny, 9 de maio de 2013 [Elena Fitkulina/AFP/Getty Images]](https://i0.wp.com/www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2021/01/Chechen-special-forces-1.jpg?resize=500%2C333&ssl=1)
Forças especiais da Chechênia desfilam em celebração do Dia da Vitória, em frente à Mesquita Akhmad Kadyrov, no centro de Grozny, 9 de maio de 2013 [Elena Fitkulina/AFP/Getty Images]
Sob influência dos turcos otomanos, muitas tribos da região resistiram à Rússia, incluindo os chechenos, que eventualmente abraçaram o Islã.
A mesquita de fato foi encomendada pelo prefeito da cidade turca de Konya. Sua arquitetura otomana clássica exibe um enorme domo sobre o salão central de orações, cercado por minaretes de 62 metros de altura, cujo design remete à Mesquita Azul de Istambul.
As paredes externas da mesquita são cobertas com mármore travertino. O interior é revestido com mármore branco obtido das minas na ilha de Marmara, na região do Mar Egeu.
A mesquita Coração da Chechênia tem capacidade para 10 mil fiéis. Seus 36 candelabros homenageiam os três lugares mais sagrados do Islã: o Domo da Rocha, no complexo de Al-Aqsa, em Jerusalém; Al-Masjid Al-Nabawi, em Medina; e a Caaba, em Meca.
Embora a mesquita remeta à arquitetura de inúmeras mesquitas da Turquia, testemunhar seu chamado à oração, ecoando nas ruas da cidade antes devastada pela guerra e reunindo milhares de chechenos que celebram sua fé em paz, é uma experiência única. Vivenciar a cura de inerentes traumas da guerra vale a visita.