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Anistia condena uso de armas francesas contra manifestantes no Líbano

Policiais libaneses em Beirute, capital do Líbano, 8 de maio de 2017 [Ratib Al Safadi/Agência Anadolu]
Policiais libaneses em Beirute, capital do Líbano, 8 de maio de 2017 [Ratib Al Safadi/Agência Anadolu]

A organização Anistia Internacional condenou o uso de armas francesas contra manifestantes no Líbano, em relatório divulgado nesta quinta-feira (28).

O grupo de direitos humanos reportou que mais de cem vídeos verificados revelaram o uso regular de armas fabricadas na França – incluindo balas de borracha, granadas de gás lacrimogêneo e veículos blindados – para reprimir protestos populares.

Manifestações de massa sem precedentes eclodiram contra o governo libanês, em outubro de 2019, após a proposta de uma taxa sobre aplicativos de comunicação via internet. Protestos pacíficos foram reprimidos violentamente.

Organizações como o Human Rights Watch denunciaram uso excessivo da força.

Dentre os 101 vídeos analisados pela Anistia, que incluem registros médicos e testemunhos coletados entre outubro de 2019 e agosto de 2020, há imagens de armas de policiamento fabricadas na França e utilizadas no Líbano de modo ilegal.

As violações incluem disparar gás lacrimogêneo diretamente contra os manifestantes ou atirar balas de borracha à queima roupa, na altura do peito. A Anistia reiterou que o uso abusivo de armas francesas levou a ferimentos graves na cabeça, olhos e torso em civis.

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Aymeric Elluin, pesquisador sobre o comércio de armas para Anistia Internacional-França, declarou: “Paris fornece há anos equipamentos de policiamento às forças de segurança do Líbano, utilizados então para cometer ou facilitar graves violações de direitos humanos”.

Os armamentos franceses circulam entre a polícia libanesa desde 2015, segundo o relatório, aplicados inclusive contra os protestos “Você Fede!”, que denunciavam a crise de gerenciamento de dejetos e o acúmulo de lixo nas ruas de Beirute.

Prosseguiu Elluin: “Exortamos a França a garantir que não haja mais venda de armas às autoridades libanesas, até que reconheçam as violações do passado e sobretudo tomem ações efetivas para impedir a recorrência”.

“As forças de segurança do Líbano operam em um clima de impunidade”, destacou.

Concluiu Elluin: “A promessa do presidente [Emmanuel] Macron de apoiar o povo libanês tem de estender-se à defesa dos direitos humanos, justiça e estado de direito no Líbano, ao invés de entregar armas nas mãos de agressores em série”.

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