A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nesta quinta-feira (28) que a recente escalada nos confrontos na província de Hudaydah, oeste do Iêmen, resultou no deslocamento de ao menos 700 pessoas nas últimas duas semanas.
Auke Lootsma, representante local do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, reportou em nota: “Os receios sobre a segurança de civis nas áreas ao sul de Hudaydah estão em alta, após a escalada desde meados de janeiro, incluindo bombardeios a áreas residenciais, que colocam milhares de iemenitas em risco”.
Prosseguiu: “Relatos iniciais indicam que as baixas civis já ocorreram. Casas e fazendas foram destruídas nos distritos de Hays e Ad Durayhimi e mais de cem famílias foram deslocadas, equivalente a cerca de 700 pessoas”.
O oficial da ONU destacou que tais “ataques indiscriminados contra áreas civis representam violação da lei humanitária internacional e devem ser interrompidos imediatamente”.
“As partes envolvidas devem lembrar-se de que é seu dever tomar todas as medidas necessárias para proteger civis em qualquer ocasião e permitir que trabalhadores humanitários atendam os cidadãos feridos e deslocados”, declarou.
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Segundo o comunicado, oito baixas civis foram registradas na província de Hudaydah em apenas uma semana, desde 20 de janeiro.
“Há uma necessidade urgente pelo fim das hostilidades, para que trabalhadores humanitários forneçam o devido apoio médico a civis feridos e apoio material àqueles deslocados ou que perderam suas fontes de subsistência”, reiterou Lootsma.
A nota asseverou ainda que o número de baixas civis na região é uma constante preocupação das Nações Unidas. Nos últimos três meses do último ano, um total de 153 baixas civis (mortos ou feridos) foi reportado em Hudaydah, um recorde no país.
O Acordo de Estocolmo, assinado entre o governo iemenita e o grupo rebelde houthi, em 2018, determina uma trégua permanente na província, mas confrontos continuam a ocorrer de tempos em tempos, sob acusações mútuas de violação do cessar-fogo.
O Iêmen vivencia um conflito armado há quase sete anos. Após 233 mil mortos, estima-se que 80% da população – de um total de 30 milhões de pessoas – dependa de ajuda humanitária para sobreviver. A situação é descrita como a pior crise humanitária do mundo.
O impacto da guerra é agravado por implicações regionais. Desde 2015, uma coalizão liderada pela Árabia Saudita conduz ataques em apoio a forças do governo contra o movimento houthi, ligado ao Irã, que detém controle de diversas províncias e da capital Sanaa.
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