Uma nova investigação do grupo de direitos humanos Anistia Internacional vinculou a venda de armamentos franceses ao uso excessivo de força por policiais no Líbano, em particular, para reprimir manifestações populares contra o governo.
As informações são da agência Anadolu.
O relatório divulgado pela Anistia nesta quinta-feira (28) revelou que uma série de itens importados da França – gás lacrimogêneo, lançadores de granadas, balas de borracha e veículos blindados – foram utilizados por forças libanesas contra protestos entre 2015 e 2020.
As armas foram aplicadas em grande quantidade, sobretudo durante os protestos massivos que tomaram as ruas de diversas cidades e aldeias, entre outubro de 2019 e agosto de 2020, contra a ineficácia do governo para controlar a inflação, desemprego e corrupção.
O Presidente da França Emmanuel Macron visitou Beirute duas vezes nos últimos meses.
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Primeiro, apenas dois dias após a enorme explosão de toneladas de nitrato de amônio armazenadas inadequadamente no porto da capital libanesa. A catástrofe deixou 190 mortos e mais de 6 mil feridos, além de centenas de milhares de desabrigados.
Em setembro, Macron retornou ao país para entregar pessoalmente a medalha de Legião de Honra, mais alta condecoração francesa concedida a civis, à célebre artista libanesa Fairouz.
O presidente francês também organizou uma conferência internacional para levantar recursos em apoio a Beirute e chegou a emitir um ultimato de seis semanas para que os políticos libaneses aprovem reformas ou enfrentem sanções.
A Anistia destacou que a França possui uma responsabilidade extraordinária em relação ao Líbano, diante das sucessivas ações e declarações de Macron.
“As autoridades libanesas detêm a responsabilidade primária pelas violações de direitos humanos cometidas por suas forças de segurança. A França, porém, é fornecedor majoritário destes equipamentos e contribuiu à violência ao enviar armas”, destacou o relatório.
A Anistia exortou Paris a alertar a polícia libanesa para que respeite os padrões internacionais do uso de força e reivindicou uma rigorosa análise de risco e suspensão das vendas de itens possivelmente utilizados para cometer ou facilitar abusos humanitários no exterior.