A Itália bloqueou as exportações de armas para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes, disse o Ministério das Relações Exteriores na sexta-feira (29), após advertências de ativistas e legisladores sobre o uso de armas em violação dos direitos humanos no Iêmen, informou a Agência Anadolu.
“Este é um ato que consideramos necessário, uma mensagem clara de paz vinda do nosso país. Para nós, o respeito aos direitos humanos é um compromisso inquebrantável”, afirmou o chanceler Luigi Di Maio em nota.
Grupos humanitários saudaram a decisão como “histórica”, pois determinará um bloqueio total às vendas de armas aos países do Golfo.
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A Rede Italiana de Paz e Desarmamento, uma coalizão de organizações que fazem campanha contra as vendas de armas da Itália, disse que a medida interromperia o fornecimento de pelo menos 12.700 bombas.
Em 2018, o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte prometeu que seu governo queria acabar com as vendas de armas para a Arábia Saudita por causa de seu envolvimento no Iêmen e do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
“Estamos muito satisfeitos”, disse Lia Quartapelle, parlamentar do Partido Democrata, comentando sobre a medida. “A rede contra o uso de armas e as associações católicas voltaram os holofotes para as violações dos direitos humanos no Iêmen por um tempo.”
No início desta semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, também fez uma pausa temporária nas vendas de armas para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, enquanto seu governo revisava as exportações.
“Esta visão comum nos ajuda a melhorar um novo diálogo com os EUA para administrar as relações no Mediterrâneo de uma forma mais equilibrada”, disse Quartapelle.
A decisão italiana ocorreu no momento em que o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que recentemente mergulhou o governo italiano em uma crise política ao retirar o Italia Viva Party da coalizão governista, voou para a Arábia Saudita para falar em um fórum de investimentos.
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Imagens de vídeo publicadas online mostraram Renzi elogiando o “grande” Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, dizendo: “A Arábia Saudita pode ser um lugar para um novo Renascimento para o futuro”.
A visita gerou polêmica na Itália, já que as vendas bloqueadas faziam parte de uma exportação total de 20 mil mísseis acordada em 2016 pelo governo de centro-esquerda liderado por Renzi.